A primeira vez em que Jurandy tornou-se deputado, em 1983, o Brasil ainda vivia na Ditadura Militar. Depois, nunca mais saiu da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba): deputado oito vezes e suplente por um mandato.

Nesse domingo (7), foi novamente reeleito como deputado estadual. É a 10ª candidatura de Jurandy Cunha Oliveira (PRP), 81 anos, o deputado estadual mais velho da Bahia. Um dos veteranos da Casa onde a média de idade é 48 anos.

O deputado nasceu num dia 15 de janeiro, em Ipirá, no Centro Norte do estado. Um dos nove filhos de um casal formado em 1930. O pai, Alonso Gonçalves de Oliveira, era um fazendeiro com bastante influência na região. A mãe, Albina Cunha Oliveira, filha de portugueses, cujo nome é exaltado em uma escola municipal. Ao que parece, Jurandy reuniu em si as características mais políticas de seus pais: o tino com o público de Albina, lembrada pelos moradores de Ipirá como uma senhora caridosa, e o pragmatismo do pai.

Foi para o Rio de Janeiro ainda jovem, entre o final da década de 50 e o início dos anos 60, para estudar. Em 1963, já fixado em Salvador, cursou Direito na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Chegou a atuar como professor de Direito e Legislação aplicada numa escola de formação já extinta, entre 1969 e 1970, mas abandonou a carreira acadêmica. Tendeu, mesmo, para a política.

Os primeiros cargos, na verdade, foram conquistados justamente em Ipirá. De primeira, em 1971, foi eleito em plena ditadura pelo então partido de oposição ao sistema, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Depois, em 1977, migrou para a Arena, representada, sobretudo, pelos simpatizantes do regime militar.

Foram apenas as primeiras migrações de partido. Nos anos de trajetória, filiou-se a, pelo menos, 16 legendas. Na atual, PRP, está desde o início deste ano. O decano da Alba é também um acumulador de siglas.

Talvez pelas duas razões, ao nome de Jurandy seja sempre seguida uma resposta.

“Jurandy? É um daqueles deputados que só saem daqui quando quiserem, parece”, respondeu um colega, sob anonimato.

Nas eleições deste domingo, elegeu-se com 47,4 mil votos – o mais votado, João Isidorio, do Avante, filho do deputado federal Pastor Sargento Isidório, teve 110,5 mil.

A diferença, apesar de expressiva, não foi suficiente para excluí-lo de mais uma vitória nas urnas. O que também serve para ilustrar a questão da rotatividade na Assembleia. Dos 63 eleitos, 24 são marinheiros de primeira viagem – 38% do total.

No novo mandato, poucos são os novos projetos. Durante os anos nas políticas, Jurandy envolveu-se principalmente a questões como a defesa do consumidor e o combate à seca e à fome. A aposta é que o deputado siga a mesma linha dos 47 anos de política. Afinal, pelo menos em números, deu resultado até agora.

Por Correio 24h  (Foto: Divulgação)