Um homem acusado de matar o próprio pai foi julgado no Fórum Filinto Bastos, em Feira de Santana nesta quinta-feira, 29. Joelvansio Silva Reis foi condenado a 28 anos de prisão em regime fechado, a ser cumprido no Conjunto Penal de Feira de Santana. Ele já está preso há mais de três anos. Reis é acusado de matar o pai, Teodoro Teles Reis, que na época do crime tinha 65 anos.O crime ocorreu no dia 05 de Julho 2016, na Fazenda Umburana, no município de Serra Preta.

Segundo consta na denúncia do Ministério Público, Joelvansio, fazendo uso de uma faca, tirou a vida do pai, após exigir dinheiro. Ele teria agredido o pai em outras oportunidades, com cerca de 11 perfurações. Ainda consta na denúncia do MP que o filho queria que o pai vendesse parte de suas terras para entregar o dinheiro a ele, mas o pai negou.

Ainda de acordo com a denúncia, o acusado, após o crime, se dirigiu para casa, se despiu e queimou suas roupas ainda sujas de sangue, como forma de ocultar a autoria do crime, tendo sido preso em flagrante após a polícia civil tomar ciência do ocorrido.

A Juíza Márcia Simões Costa aplicou a pena de 28 anos e 6 meses de reclusão. Na acusação, trabalhou o promotor de justiça Luciano Medeiros e na defesa do réu a defensora pública Fernanda Morais.

Segundo a defensora Pública Fernanda Morais, a sentença aplicada para o acusado foi excessiva. Ela disse que irá recorrer da decisão e batalhar pela redução da pena.

“Houve um patricídio. Nas pesquisas que eu fiz, é um crime tão incomum que corresponde a menos de 1% de todos os homicídios que são praticados no país. Na grande maioria das vezes, existe por trás dessas condutas um contexto de abuso, que não é só sexual, mas também de abuso psicológico, físico e de negligência, que marcam muito essas histórias. Isso significa que não é apenas um filho matando o pai, e sim um filho que está matando um pai que deixou de estar presente em sua vida, já que a figura do pai é tão importante para a formação da nossa psique. O que veio a júri nesse dia foi uma situação de negligência e maus tratos, que poderiam ter sido levados em consideração pelo corpo de jurados ao definirem a sentença. A defesa não pediu absolvição porque o próprio acusado tem noção da gravidade daquilo que cometeu. Mas a gente entende que a pena foi excessiva e a gente vai batalhar pela redução da pena”, afirmou a defensora.

Já para o promotor de Justiça Luciano Medeiros, o Ministério Público entende que a pena foi justa, uma vez que o filho matou o próprio pai, um senhor de idade que o acolhia, que lhe dava dinheiro emprestado.

“O filho, na verdade, extorquia o pai, roubava dinheiro do pai, que tinha medo do filho. O acusado ameaçava a mãe, jogou uma pedra no pai meses antes do crime. Ele também ameaçava outras pessoas em Serra Preta, não trabalhava. E a magistrada doutora Márcia, de forma muito coerente, de acordo com o que preconiza o Código Penal brasileiro, considerando a conduta social dele muito ruim, uma personalidade que ele demonstrou ser muito agressiva, uma culpabilidade, ou seja, ele tinha condições de agir de forma contrária ao que ele fez. O motivo do crime foi totalmente fútil, porque o pai não quis lhe dar duas tarefas de terra, sendo que ele não tinha direito nenhum a essas terras, que era do pai e ele sequer trabalhava nestas terras. As circunstâncias do crime de que ele quase degola o pai. Então um homem direito, que se dava bem com os vizinhos, se dava bem com todos, não merecia morrer da forma que morreu. Então considera-se sim justa e adequada a pena”, destacou o promotor.

Também conforme o promotor de justiça, apesar de Joelvansio não morar com o pai, ele tinha contato com a vítima. “Ele foi registrado, o pai nunca negou a paternidade do filho. Depois que se aposentou e passou a receber do INSS, passou a contribuir fixamente com o filho, ele tentou fazer com que o filho morasse com ele na adolescente, mas o filho foi embora. Desde a adolescência ele ameaçava o pai. Uma testemunha afirmou que o pai ia à escola do filho, então ele tentou dar uma boa educação, então não se aplica a tese da defensoria”, salientou.

Com informações e fotos do repórter Aldo Matos / Acorda Cidade