O radialista Washington Rodrigues, diretor da Rádio Clube de Vitória da Conquista, que acusou a campanha do PT de induzir a equipe da sua emissora a não veicular a propaganda política do presidente Jair Bolsonaro (PL) já protagonizou episódios violentos ao vivo em defesa do candidato à reeleição.

Filiado ao União Brasil desde novembro de 2019, o profissional cedeu uma entrevista à Jovem Pan nesta quarta-feira (26) e afirmou que, na rádio em que trabalha, não foram transmitidas as propagandas do presidente Bolsonaro por 12 horas, entre a última sexta-feira (20) e sábado seguinte (21). 

Segundo Washington, a situação aconteceu após e-mails enviados pela equipe petista alegarem que Lula estaria com direito de resposta concedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (saiba mais aqui). O veículo em questão não consta na lista dos que teriam sido encontradas supostas irregularidades acusadas pela campanha bolsonarista (veja aqui).

O profissional de rádio, que também é advogado, foi responsável por expulsar duas professoras do estúdio em que gravava seu programa, em março deste ano. Na ocasião, as educadoras, ligadas ao sindicato local, criticavam Bolsonaro pela condução do governo federal na educação.

Ele estava acompanhado do seu parceiro na apresentação no “Sudoeste Agora”, o radialista Humberto Pinheiro. A confusão se agravou no decorrer da conversa e o episódio gerou uma série de manifestações contra a atitude dos entrevistadores.

O assunto que levou ao conflito foi a assinatura da portaria que aumentou o piso salarial para os professores da Educação Básica pelo Executivo federal. Uma das professoras afirmou que o presidente “não fez isso porque é bonzinho”, mas foi interrompida por um dos apresentadores. 

Humberto então declarou haver por parte delas uma “injustiça” quanto à análise feita da atuação do governo federal. A discussão começou a escalonar e terminou com os radialistas expulsando as duas entrevistadas do estúdio aos gritos. Durante a briga, Humberto e Washington também realizaram críticas pessoais às sindicalistas e as chamaram de “militantes”. 

Na época, devido a repercussão, entidades de classe como a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) e o Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP) repudiaram a atitude da dupla de comunicadores.

Um grupo de 21 jornalistas de Conquista também se pronunciou. Os profissionais de imprensa assinaram uma carta classificando os atos como “misóginos” e que atacavam diretamente a categoria, “formada por muitas mulheres, que estão, principalmente, no processo de produção”.

“Com relação à Rádio Clube, é de conhecimento da sociedade conquistense que nos últimos anos a emissora, por intermédio destes dois comunicadores, virou palco de disseminação de mentiras a respeito de diversos temas, sobretudo ligados à saúde, como a defesa de medicamentos sem comprovação científica para suposta cura da Covid-19”, continua o documento, afirmando ainda que os dois comunicadores fazem um “uso ideológico da rádio”. 

Ao fim da edição do programa em que aconteceu a expulsão das professoras, Washington Rodrigues pediu desculpas aos ouvintes pela briga, mas disse que houve um erro de ambas as partes e acusou as educadoras de irem para o estúdio “com a intenção de arrumar confusão”.