Verdade que Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002, e Lula, em 2010, chamaram donos de grandes fortunas e lhes pediram doações para montar fundações com seus nomes.

Foi daí que surgiram a Fundação Fernando Henrique Cardoso e o Instituto Lula, ambos com o objetivo de preservar a documentação relativa aos dois governos e promover estudos e eventos.

Tal pretensão não passa pela cabeça de Bolsonaro. Primeiro, porque parte da documentação relativa ao seu governo ficará sob sigilo. Segundo, porque ele não liga para essas coisas.

A preocupação de Bolsonaro é outra: como tirar o máximo de proveito da derrota? Dito de outra maneira: como vender caro sua saída do cargo? A baderna que se vê ajuda-o a extrair vantagens.

Até onde se sabe, o PL do ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto, partido ao qual Bolsonaro se filiou para disputar a eleição, já lhe fez várias ofertas, todas muito atraentes e lucrativas.

Que tal uma mansão luxuosa no Lago Sul, a área mais nobre de Brasília? Não uma mansão em nome de Bolsonaro, mas alugada pelo partido, e com todas as despesas pagas. Bolsonaro topou.

Que tal uma equipe de advogados para defender de graça Bolsonaro em todos os processos que ele responde? De graça, não, porque os advogados serão pagos pelo PL. Bolsonaro topou.

E o que mais? Que tal o lugar de presidente de honra do partido, podendo participar de todas as reuniões, debater, influir nas decisões? O título de presidente de honra, Bolsonaro topa.

Já o resto… Ele não tem paciência para tal. Não se comprometeu a participar da vida partidária. A não ser uma vez perdida, se for para ser homenageado. No mais, esquece. Seria muito pesado.

Costa Neto ofereceu-lhe também jatinho, carro, hospedagem, tudo por conta do PL nos estados que queira visitar para fazer conferências. A oferta inclui viagens ao exterior.

Bolsonaro topou. Quanto a fazer conferências, não é a praia dele. Sofre para ter ideias, para ler um texto, não fala outras línguas, e não entende direito nem o português falado em Portugal.

O fundo partidário do PL tem dinheiro de sobra para comprar o passe de Bolsonaro, ajudando o país a livrar-se dele. Vale a pena, Valdemar. O Brasil ficará grato.

Fonte: Metrópoles