O Acorda Cidade conversou com exclusividade com a jovem de 26 anos, Dilmara de Santana Peixinho, esposa do empresário Marcos Edilho Pereira Marinho, que foi brutalmente assassinado a tiros na tarde do último domingo (12), em um restaurante na Avenida Fraga Maia em Feira de Santana.

Ela trabalha com segurança eletrônica e revelou que conheceu o marido pela internet em dezembro de 2020, e oficializaram o casamento há cerca de um ano em um cartório.


“Eu conheci Marcos através do Instagram. Apareceu como uma sugestão de amizade, eu o adicionei, e nunca tinha falado com ele. Um dia eu o vi cantando, aí eu mandei um bom dia, daí ele respondeu: bom dia, moça bonita. Pronto! Nesse moça bonita ele pediu meu WhatsApp, a gente começou a conversar. Isso foi em dezembro de 2020. A gente se conheceu, e foi tudo muito diferente, tanto que com um mês a gente já estava morando junto. Ele deixou o apartamento dele e veio morar comigo numa quitinete, na Lagoa Salgada. Ele era separado da esposa, mas não tinha finalizado ainda, e foi muito difícil no começo, mas a nossa relação sempre foi muito intensa. Todo mundo que via a gente falava da gente, porque a gente se amava muito. Depois nós resolvemos alugar essa casa aqui, a gente arrumou do nosso jeitinho, adotamos um cachorro, e viemos pra cá em março do ano passado. Dois dias depois a gente casou no cartório”, recordou Dilmara em entrevista ao repórter Ed Santos, do Acorda Cidade.

Rotina

Emocionada, ela disse que pensa em sair da casa onde eles viviam porque escolheram o imóvel e a decoração juntos, fato que a faz lembrar dele em cada cômodo da residência.

“Minha vida vai mudar toda. Eu não quero mais ficar nesta casa porque a gente escolheu tudo juntos e tudo aqui tem um pedacinho dele. Não tenho condição de ficar aqui porque tudo aqui me faz lembrar dele”, declarou emocionada.

Dilmara também falou sobre a rotina deles .

“A gente vivia intensamente. Ele trabalhava, eu trabalhava, tínhamos nosso momento de curtição, a gente gostava de beber, ele gostava de dançar, a gente gostava de ir para o interior (…). Marcos era uma pessoa muito carinhosa comigo, eu nunca fui tão amada na minha vida como fui nestes dois anos. Ele viu algo em mim que eu não enxergava. Não chegamos a ter filhos juntos. Eu saía às 8h para trabalhar, deixava o café dele pronto, ele sentava a mesa com Toby (o cachorro), se arrumava entre 9 e 10h, os stories dele era sempre ele cantando, indo para o trabalho, e ia para Charmant. Às vezes ele pedia a marmita dele fitness. E chegava aqui às 18h e íamos malhar juntos aqui no bairro mesmo”, contou.

O dia do crime

Dilmara detalhou durante a entrevista ao Acorda Cidade como foram os últimos momentos com o marido. No dia do crime a mãe dele o chamou para almoçar, mas ele resolveu ir para o restaurante.

“A gente acordou mais tarde, era um domingo, saímos pela manhã de carro, a gente pegou a moto que estava na garagem do escritório dele, e fomos comer um pastel com caldo de cana. Lembro que ele até colocou um áudio de Bolsonaro. Aí a gente foi pra casa, ele deixou eu pilotar a moto, coisa que ele nunca deixou. A gente entrou em casa, assistimos uma série que a gente já estava vendo, e depois a gente tomou banho e fomos comer a carne de porco (no restaurante onde ocorreu o crime). Antes de sairmos, a mãe dele ligou e chamou ele para almoçar lá. Ele disse que não ia porque queria comer carne de porco, porque iria fazer tatuagem. Ele queria encher o braço de tatuagem”, recordou.

“A gente chegou ao restaurante, pedimos a cerveja que a gente gosta, pedimos tripa, até postei stories com ele. Aí a gente fechou a conta, ele estava digitando no celular, me deu o cartão e falou: amor paga a conta. Eu paguei a conta, ele me deu a bolsa dele. Como a gente estava de moto é ruim pra ele levar, e eu levo no meio. Ele me deu a bolsa, me deu capacete e eu coloquei na cabeça, e saí. Só que ele ficou parado lá na frente. Não fui pegar a moto, a moto estava do lado de um carro. Aí eu tirei o capacete, olhei pra ele, chamei ele, vamos embora amor, vamos”“

Tirei uma foto dele lá fora, porque eu sempre gostei de tirar foto do meu marido. Estávamos saindo do restaurante já. Tirei a última foto de Marcos, guardei meu celular na bolsa, e foi muito rápidoO carro parou, e eu só vi as portas abrirem e as pontas das armas. Veio na minha cabeça: é um assalto. Mas já foram atirando nele. Marcos caiu no chão e eles saíram”.

Detalhou Dilmara ao Acorda Cidade

A jovem informou que entrou em desespero ao ver o estado em que ficou o marido. Ele foi alvejado por disparos de calibre 12 e teve o rosto desfigurado. Ela disse ao Acorda Cidade que não conseguiu ver quem eram os atiradores porque estavam encapuzados e que o veículo tinha vidros muito escuros.

“Quando eu vi a situação que ele ficou eu entrei em pânico total, fiquei muito desesperada, muito. Eles estavam com brucutu, o carro todo fumê, não dava para ver nada dentro do carro. E logo em seguida chegou uma viatura. Desse dia pra cá eu penso que é mentira, que ele vai chegar de uma viagem, de uma visita a um cliente como ele sempre fazia. É muito difícil para mim e para a família, ninguém aceita isso. Marcos não fazia mal a ninguém”, declarou.

Os negócios

Dilmara revelou que não pretende seguir com os negócios de Marcos Marinho, e falou um pouco sobre o que ele fazia.

“Não vou tocar os negócios dele. Marcos trabalhava com uma coisa muito específica, que na América Latina (que eu saiba) só ele fazia. Ele fazia processamento de dados jurídicos, ele dava uma reputação nova na internet, conseguia matérias positivas, removia matérias negativas que as pessoas não queriam com seus nomes, era uma coisa que só ele sabia fazer. Ele sempre postava isso no Instagram, a vida de Marcos sempre foi uma vida aberta”.

Marcos postava muitas fotos no Instagram, que demonstravam o sucesso de seus negócios. Na rede social ele descrevia em seu perfil como CEO do Grupo Start Holding, uma empresa de consultoria de negócios, que prestava serviços de gerenciamento de reputação, marketing e remoção de conteúdos na internet, além de produção de press releases e atuação com engajamento orgânico. Em seu perfil social, ele tinha um milhão de seguidores. O perfil da empresa tem mais de 20 mil.

Ostentação

“O povo fala em ostentação. Eu não sei o que é isso: ostentar. Ele tem uma casa legal, tem um escritório que ele batalhou por 15 anos pra ter, tem os carros que ele sempre sonhou ter, mas ele não era de ostentar. Marcos chegava em casa e comia arroz e pronto. Eu sou do interior, Marcos ia pra roça, comia tripa. Ele conquistou aos poucos tudo o que ele tinha”, declarou.

A Polícia Civil está investigando a autoria e a motivação do assassinato. Dilmara contou ao Acorda Cidade que ainda vai prestar depoimento.

Andrea Trindade com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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