Para minimizar os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus, municípios têm usado diversas alternativas, principalmente em um dos setores mais importante para a sociedade, que é a educação. Com avanço do coronavírus, as atividades educacionais foram suspensas e passaram a ser de forma remota, com uso de recursos tecnológicos. No entanto, nem todos, ou grande maioria, não dispõe das facilidades que a internet pode trazer e, por esse motivo, diariamente temos visto histórias de heróis da educação, os professores e professoras, que buscam diversas formas para que ela chegue às comunidades.

FOTO: Montagem do JC

Um dos exemplos é o município de Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina, que foi destaque em uma reportagem do site Correio 24h. A matéria conta que cerca de 4,8 mil estudantes das 42 escolas ou creches públicas da cidade estão aprendendo por uma dessas ferramentas. A alternativa encontrada para alcançar toda a comunidade foi por meio da rádio local, transmitida pela frequência 103.7 FM, já que nem todos têm acesso à internet na região chapadeira.

“Atenção, alunos da rede municipal, vai começar o programa ‘Educação ao Pé do Rádio’”. Ao escutar essa chamada, todas as quintas-feiras, às 14h, Davi Correia dos Santos, de 14 anos, põe o caderno na mesa e se presta a ouvir e anotar a aula semanal. Prevendo o impacto no ensino com a suspensão das aulas, a coordenadora pedagógica da cidade, Dilma Pereira, ficou preocupada com a meninada em casa sem acesso aos conteúdos e teve um estalo.

“Pensei: ‘Certo, nem todos têm celular e acesso à internet, mas como a gente pode chegar nesses alunos?’ E aí me veio na mente as duas emissoras da cidade. Sabia que uma delas tem potência mais alta, capaz de chegar nos locais mais distantes, daí tive a ideia de fazer um programa de rádio”, recorda Dilma.

Enquanto as escolas particulares em todo o país avançam na adaptação para o ensino remoto pela internet, na Bahia mais de 1,5 milhão de casas ainda não têm acesso à rede, o que representa 30% dos domicílios existentes no estado, segundo a pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estratégias (IBGE), em 2018. A taxa corresponde a quase o dobro da nacional, que é de 17% das casas.

Conhecendo a realidade dos estudantes e tendo em conta que o rádio é o meio de maior penetração na pequena cidade de 30 mil habitantes, Dilma levou a ideia para a Secretaria Municipal de Educação (Semec), que aprovou o projeto e colocou em prática em maio. De acordo com a secretária Floriceia Alves, os professores preparam um módulo com quatro ‘audioaulas’ por mês e a programação é dividida: os alunos dos anos iniciais do fundamental ouvem às terças e os dos anos finais às quintas.

As aulas tratam de temas transversais e já abordaram práticas de saúde durante a pandemia, a geografia da Serra do Orobó, localizada na região do município chapadeiro, curiosidades, momento musical, entre outros. Cada edição do programa tem duração de uma hora e sempre encerra com um dever de casa, geralmente uma redação. Além das aulas pelo rádio, a galerinha ainda recebe atividades impressas e livros de literatura, que são entregues mensalmente quando os pais ou responsáveis vão buscar os kits de merenda escolar. 

Confira a matéria completa no link.