POLÍTICA

Para não ser preso, Eduardo Bolsonaro anuncia que vai se licenciar do mandato e ficar nos EUA

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que pediu licença de seu mandato para permanecer nos Estados Unidos. Ele afirmou que essa foi a “decisão mais difícil” de sua vida, pois acredita que pode ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Eduardo descreveu o Brasil como um país em um “período de exceção” e disse que vai aos Estados Unidos buscar punição para o magistrado.

O deputado criticou Moraes, alegando que o ministro tenta utilizar seu mandato como uma ferramenta de coerção e chantagem no contexto de um regime de exceção, com o objetivo de impedi-lo de atuar em defesa dos interesses do Brasil. “Não vou me acovardar nem me submeter a esse regime e seus truques sujos. Da mesma forma que assumi meu mandato para representar o Brasil, decido abdicá-lo temporariamente para continuar representando os milhões de brasileiros que confiaram em mim”, declarou Eduardo.

Na semana passada, os deputados Lindbergh Farias e Rogério Corrêa (ambos do PT) entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro, alegando traição à pátria e tentativa de constrangimento às autoridades da Corte. Eduardo estava concorrendo à presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, mas os petistas argumentaram que ele, por sua postura, não poderia ocupar o cargo.

O pedido está sob análise de Alexandre de Moraes, que encaminhou o caso para parecer da Procuradoria-Geral da República.
Este movimento levou Eduardo Bolsonaro a pedir licença do cargo. “Me licencio sem remuneração para poder me dedicar integralmente a buscar as punições adequadas aos violadores dos direitos humanos”, disse ele. Vale notar que no Brasil, a licença parlamentar não é remunerada, o que impediria o deputado de continuar recebendo seus proventos.

Em um vídeo postado nas redes sociais, ele acrescentou: “Aqui [nos EUA], poderei me concentrar em buscar as justas punições para Alexandre de Moraes e sua ‘gestapo’ da Polícia Federal. Vocês, homens frágeis e vaidosos, pensaram que iam me chantagear com os benefícios do cargo, mas erraram miseravelmente.”

Eduardo concluiu dizendo que seria mais fácil e confortável permanecer em seu cargo, recebendo um bom salário e fingindo defender os interesses de seus conterrâneos, mas que ele aceitou a missão para defender os valores da civilização. “Eu aceitei este chamado como um compromisso com minha família, minha nação e como uma aliança com Deus. Um voto de lealdade que só um homem com caráter e fé pode compreender”, afirmou ele.

“Tornei-me deputado para representar o povo paulista no melhor interesse da minha nação. O que o ministro da Suprema Corte [STF] Alexandre de Moraes e seus cúmplices estão tentando fazer é usar justamente o meu mandato como cabresto, como ferramenta de chantagem e coação do regime de exceção, como instrumento para me prender e impedir que eu represente os melhores interesses para o meu país.

Seria mais confortável ficar quieto, receber salário e fingir defender os paulistas e meus irmãos brasileiros do que enfrentar esse sistema covarde e desumano. Mas eu não aceitei esse chamado para ter conforto ou comodidade. Eu aceitei esse chamado para defender os valores da nossa civilização. Aceitei essa vocação como um compromisso não só com a minha família e a minha nação, mas como uma aliança com Deus, um voto de lealdade que apenas um homem com caráter e fé pode entender.

Não irei me acovardar. Não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Assim sendo, da mesma forma que eu assumi o mandato parlamentar para representar a minha nação, eu abdico temporariamente dele para seguir bem representando esses milhões de irmãos de pátria que me incubiram dessa nobre missão.

Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal merecem.

Vocês, homens de geleia, pequenos e vaidosos, não estão acostumados a lidar com homens de convicção. Achavam que iam me chantagear com os benefícios e regalias do cargo. Não poderiam errar mais miseravelmente.

Os melhores parlamentares, verdadeiramente vocacionados, não são figuras caricatas, apegadas aos títulos da burocracia. Eu abro mão de cabeça erguida de toda essa pompa, para seguir firme na minha missão de trazer justiça para todos os tiranos violadores dos direitos humanos mais básicos.

Estou falando de vocês, os psicopatas que prenderam mães de família, idosas, trabalhadores e todo tipo de pessoa comum e inocente. Irei abraçar esse sacrifício com entusiasmo, focarei 100% do meu tempo nessa única causa: fazer justiça e criar o ambiente para anistiar os reféns de 8 de janeiro e os demais perseguidos que fizeram parte do governo Bolsonaro, que estão pagando o preço da crueldade de um psicopata que sonha em prender Jair Bolsonaro. E, imagina ele, que assim vai exterminar o maior movimento popular que a minha geração já testemunhou. O [movimento] liderado pelo nosso eterno presidente Jair Messias Bolsonaro.

Também não descansarei até construir o cenário internacional que permita eleições limpas, transparentes e com ampla participação da oposição. Não existe democracia num país que age como a Suprema Corte da Romênia ou a narcoditadura da Venezuela de Nicolás Maduro, onde os líderes da oposição, que arrastam multidões nas ruas, sejam impedidos de concorrer por conta de eufemismos desavergonhados de tiranos.

Ressalto que a minha posição de deputado federal, ainda mais tendo sido o mais votado de toda a história do Brasil, bem como o filho do presidente mais popular da história recente do país, me facilitava, sim, a abertura de portas internacionais. No entanto, essas portas já estão abertas. Agora, necessito de tempo e dedicação integral para seguir trabalhando e representando não só os paulistas, mas todos os brasileiros.

Nessa jornada, só tenho a agradecer a Deus. Um filme passa na minha mente e entendo quão extraordinária é a providência divina. Poucos sabem disso, mas no mesmo dia em que os deputados do PT peticionaram à PGR [Procuradoria-Geral da República] requisitando apreender o meu passaporte, em 27 de fevereiro, eu estava voando com minha família para os Estados Unidos, num voo que eu havia comprado poucos dias antes.

Provavelmente, nem o PT e nem Alexandre de Moraes esperavam que eu fosse passar o Carnaval fora do Brasil, já que eu havia recém-retornado dos Estados Unidos dois dias antes, em 25 de fevereiro.

Não tenho nenhuma dúvida de que Deus, em sua infinita sabedoria e bondade, protegeu a mim e a minha família para que minha missão de trazer justiça não fosse interrompida pelos esquemas e planinhos dos canalhas de ocasião.

Dessa maneira, nunca imaginei que faria uma mala de sete dias para não mais retornar à minha casa, mas hoje vejo com clareza que Deus está me mostrando o caminho. Tenho certeza de que o meu eleitor também entende que o meu trabalho neste momento é muito mais importante aqui nos Estados Unidos do que no Brasil. Como defendia o professor Olavo de Carvalho, não se combate uma ditadura vivendo dentro dela.

Todos no Brasil sabem que Alexandre de Moraes é capaz de fazer qualquer coisa, ainda que notoriamente ilegal ou inconstitucional. Mesmo com um parecer contrário da PGR, como, aliás, ele já fez no passado. Falando em PGR, Moraes deu prazo para o procurador-geral de cinco dias para responder a um simples “sim” ou “não” acerca da apreensão do meu passaporte. Porém, já se passaram mais de 18 dias e nada do sr. Paulo Gonet responder.

Seria ultrajante, mas na atual democracia relativa brasileira, ninguém poderia se dizer surpreso com a apreensão do passaporte de um deputado e até mesmo a sua prisão sem motivo.

Ao bem da verdade, fatos muito piores já ocorreram, como a morte na cadeia de Clezão [Clériston Pereira da Cunha, réu dos ataques de 8 de janeiro que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda], a condenação a quase nove anos de cadeia do deputado federal Daniel Silveira, que recebeu indulto do então presidente Jair Bolsonaro, e pela primeira vez na história do país, o indulto foi covardemente cancelado pelo STF.

As prisões preventivas e injustificadas de Felipe Martins, Anderson Torres, Silvinei Vasques e vários outros, assim como as condenações de até 17 anos de prisão de senhorinhas como Iraci Nagoshi, de 71 anos, ou a cabeleireira e mãe Débora Rodrigues dos Santos, presa por ter escrito com um batom numa estátua a mesma frase dita pelo ministro do STF, Luís Roberto Barroso: “Perdeu, mané”.

Quem em sã consciência pode esperar algum tipo de pudor ou moralidade de um regime de exceção? Como alguém pode esperar justiça vindo de um pedido para prender o meu passaporte feito por deputados do PT e encaminhado diretamente para as mãos do Alexandre de Moraes, sem sorteio ou distribuição? Ou seja, serei ‘julgado’ por um inimigo declarado, pela mesma pessoa que eu tenho denunciado aqui no exterior. Serei julgado de acordo com o juiz Marco Antônio, assessor de Moraes, pelo cara que quis me pegar de qualquer forma. Lembram dos artigos do Glenn Greenwald?

Essa é a pessoa que está me inserindo criminosamente no processo de golpe de Estado da Disneylândia, também conhecido como golpe de 8 de janeiro.

Certamente não é fácil me afastar temporariamente do cargo de deputado federal. Não é fácil saber que meu pai pode ser injustamente preso e talvez eu jamais tenha a chance de reencontrá-lo pessoalmente de novo. Não tenho dúvida de que o plano dos nossos inimigos é encarcerá-lo para assassiná-lo na prisão ou deixá-lo lá perpetuamente, assim como aconteceria com Donald Trump, caso não tivesse sido reeleito agora, em 2024.

Contudo, a vida é feita de decisões e sacrifícios. Se esse é o plano de Deus para a minha vida, entrego-me de corpo e alma para que eu possa ser um instrumento de sua vontade, para que eu possa ser mais útil na libertação do meu país. Para que eu possa parar a sanha totalitária de um psicopata sem limites. Sim, eu aceito esse sacrifício com honra. Vou morar longe dos meus amigos, dos meus familiares, da minha pátria, mas não descansarei até que a justiça seja feita, e a minha nação seja libertada.

Se Alexandre Moraes quer apreender o meu passaporte ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos Estados Unidos, então é justamente aqui que eu vou ficar e trabalhar mais do que nunca.

Alexandre, a minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes. Estarei focado integralmente nesse objetivo e só retornarei quando você estiver devidamente punido pelos seus crimes e pelo seu abuso de autoridade.

Finalizo comunicando ainda que, graças ao excelente trabalho desempenhado pelo líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante, que não se dobrou às pressões do PT, e também pela retidão e compromisso com a legalidade do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta [Republicanos-PB], que. no meu lugar será nomeado o deputado federal gaúcho Zucco [PL-RS] para a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ele irá me ajudar institucionalmente a manter essa ponte com o governo Trump e o bom relacionamento com países democráticos e desenvolvidos.

Juntos, nós iremos trabalhar na mais sagrada missão que um parlamentar pode ter, que é a de resgatar liberdades perdidas para nosso Brasil. Que o mundo livre possa nos ajudar a manter viva essa nobre causa. Deus abençoe o Brasil, e me dê os meios para cumprir a minha missão. Conto com o apoio de todos vocês que, assim como eu, travam essa honrada batalha pela liberdade.

Deus, pátria, família e liberdade. Deus abençoe o Brasil. Deus abençoe a América.”

Fonte: Bahia Notícias

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