A fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), chamada de “farra do INSS” pela Polícia Federal (PF), envolveu um empresário, uma advogada, intermediários e até uma ex-deputada federal, todos com atuação no Ceará. A Justiça Federal autorizou buscas, apreensões e a quebra de sigilo bancário em diversos endereços de Fortaleza, após a organização criminosa ser acusada de praticar estelionato e lavagem de dinheiro, movimentando R$ 1,3 bilhão por meio de descontos ilegais em aposentadorias e benefícios do INSS, sem a autorização dos beneficiários.
Cecília Rodrigues Mota, advogada, é uma das principais suspeitas de liderar o esquema. Ela utilizava laranjas para movimentar os recursos e contratou a esposa do empresário Natjo de Lima Pinheiro em seu escritório de advocacia. Cecília também presidiu as associações AAPEN e AAPB, investigadas por envolvimento nos crimes. A OAB-CE abriu processo disciplinar sigiloso para apurar sua conduta, já que ela levava uma vida de alto padrão, com carros de luxo e viagens frequentes para destinos como Paris, Dubai e Lisboa.
Natjo de Lima Pinheiro, empresário dono de clínicas e laboratórios, foi identificado como um dos principais operadores do esquema. Ele teria trabalhado com Cecília na realização dos repasses ilegais, utilizando intermediários. A mansão de Natjo foi avaliada em R$ 27 milhões, e sua garagem abrigava carros de luxo, como uma Ferrari e um Rolls-Royce, apreendidos pela PF. O empresário também foi acusado de realizar as operações em bairros nobres de Fortaleza.
A ex-deputada federal Gorete Pereira é outra figura investigada na apuração. Fisioterapeuta de formação, ela teria recebido procuração da AAPEN para formalizar um Acordo de Cooperação Técnica com o INSS, o que lhe conferia plenos poderes. Entre 2018 e 2023, ela movimentou R$ 245 mil em transações suspeitas. Gorete não respondeu à reportagem quando procurada.
A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), foi realizada em 23 de abril com ações em 13 estados. Durante a operação, foram apreendidos dinheiro vivo, joias, veículos de luxo e obras de arte. As investigações apontaram que, entre as 11 associações envolvidas, três possuem sede em Fortaleza e firmaram acordos com o INSS entre 2021 e 2023.
Fonte: Bnews
