Caminhoneiros de diversas regiões do país articulam uma paralisação geral marcada para a próxima quinta-feira (4/12). Segundo representantes da categoria, o movimento tem caráter reivindicatório e busca melhorias estruturais para os profissionais do transporte rodoviário, sem ligação com ideologias ou partidos políticos.
Na semana anterior, alguns grupos tentaram impulsionar uma paralisação em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a iniciativa não avançou.
O caminhoneiro e influenciador digital Daniel Souza, que possui quase 100 mil seguidores no TikTok e foi um dos líderes da greve de 2018, afirmou que a situação da classe continua crítica. Ele relata baixa remuneração, descumprimento de leis por falta de condições, insegurança nas estradas e perda de reconhecimento profissional.
Entre as principais demandas estão estabilidade contratual, cumprimento integral da legislação, reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e concessão de aposentadoria especial após 25 anos de atividade comprovada.
O presidente da Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC), Janderson Maçaneiro, conhecido como Patrola, destaca que a movimentação tem grande adesão. Segundo ele, há elevado número de caminhoneiros insatisfeitos e engajados na paralisação.
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam) declarou que eventuais paralisações são decisões exclusivas dos caminhoneiros, mas que oferecerá apoio caso a categoria opte por parar.
Divisão interna
Apesar da mobilização nacional, parte dos sindicatos e cooperativas demonstra discordância. Caminhoneiros autônomos que atuam na Baixada Santista se posicionaram contra a paralisação, alegando possível motivação política.
Marcelo Paz, presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS), afirmou que não existe orientação para interrupção das atividades no local. Ele reforçou que nenhuma assembleia ou votação foi realizada para deliberar sobre a questão, etapas consideradas fundamentais para uma decisão coletiva.
Histórico de 2018
A última paralisação de grande impacto ocorreu em 2018, quando caminhoneiros de todo o país interromperam as atividades por 10 dias em protesto contra os reajustes constantes nos combustíveis, especialmente no diesel. O movimento provocou desabastecimento de alimentos e combustíveis e só foi encerrado após o então presidente Michel Temer (MDB) atender parte das reivindicações da categoria.





