POLÍTICA

Malafaia manda recado para Bolsonaro e diz que não aceita candidatura de Flávio

O pastor Silas Malafaia criticou publicamente a forma como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou o próprio nome como possível candidato à Presidência da República e disse que não aceita o movimento feito pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, a chapa ideal deveria reunir o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em entrevista ao Metrópoles, Malafaia afirmou que a decisão foi “precipitada” e tomada em um momento de fragilidade emocional de Bolsonaro, que, segundo ele, estaria abalado após condenações judiciais.

“Eu sou um aliado, mas não sou alienado. Já discordei de Bolsonaro várias vezes e nunca perdi a amizade com ele. Isso é democrático”, declarou o pastor, ao afirmar que política não pode ser tratada como torcida organizada e que decisões desse porte exigem diálogo.

Ele afirmou que “não vai engolir” a candidatura de Flávio Bolsonaro. “Sou psicólogo, sei o que estou falando. A pessoa, quando se sente injustiçada, pode levar à angústia e a quadros de depressão. Então, como o filho de Bolsonaro, numa conversa particular, em um momento emocional de Bolsonaro, ele vai lá e tira a candidatura e chega aqui e diz: ‘Meu pai diz que sou eu e acabou’. Na-na-ni-na-não. Não é assim. Temos que entender que é uma construção”, disse.

Malafaia declarou que o anúncio da possível candidatura de Flávio ocorreu de forma inadequada, sem consulta prévia a aliados e nem mesmo à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o que, segundo ele, reforça o caráter precipitado da iniciativa.

O pastor relatou ter conversado com Michelle após a divulgação da informação e afirmou que ela também foi surpreendida. “Ela me disse: ‘Pastor, eu também fui pega de surpresa’”, contou.

Para Malafaia, a situação se agrava porque Bolsonaro estaria emocionalmente vulnerável. “Não é questão de faculdade mental. É uma pessoa abalada emocionalmente, que fica mais suscetível. Tirar uma decisão dessa num momento como esse, eu não aceito”, afirmou.

Malafaia é apoiador de Jair Bolsonaro e organizou diversas manifestações a favor dele. A PF (Polícia Federal) divulgou um áudio, em agosto, em que o pastor parabeniza Flávio por seus posicionamentos em relação à anistia. “Dá parabéns ao Flávio, pô, falou certo”, disse.

Ao avaliar o cenário político, Malafaia disse não ver empolgação nem mesmo entre apoiadores da direita em relação ao nome de Flávio Bolsonaro. “Qual foi a empolgação? Nenhuma. É só observar as reações”, declarou.

Segundo ele, mesmo que Flávio tenha recebido uma manifestação de preferência do pai, o correto seria abrir a discussão com lideranças e aliados antes de qualquer anúncio público. “Não é chegar e colocar goela abaixo de todo mundo”, afirmou.

O pastor também direcionou críticas à esquerda, que classificou como uma “máquina de fake news”. Segundo Malafaia, grupos ligados ao governo Lula costumam atacar adversários com narrativas falsas e campanhas de desgaste, mas, no caso de Flávio Bolsonaro, isso não teria ocorrido.

Para ele, a ausência de ataques indica que o senador seria, na avaliação da esquerda, um adversário conveniente. “Eu não vi ninguém da esquerda ou do governo atacar Flávio. Parece até que estão dizendo: ‘é esse mesmo que nós queremos’”, afirmou.

Ao final, Malafaia apresentou a sua avaliação sobre qual seria a composição mais competitiva para o campo conservador. Disse defender uma chapa formada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Michelle Bolsonaro como vice.

Segundo ele, Michelle reúne atributos eleitorais relevantes, como o apoio do eleitorado evangélico, a identificação com mulheres conservadoras e a origem nordestina. “Não sou dono da verdade, é a minha percepção. Para ganhar uma eleição, a chapa mais forte seria Tarcísio e Michelle”, declarou.

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