O ex-embaixador dos Estados Unidos no Panamá, John Feeley, afirmou em entrevista à BBC News Brasil que o presidente norte-americano Donald Trump teria “descartado” o ex-presidente Jair Bolsonaro após passar a considerá-lo um “perdedor”. Segundo Feeley, essa mudança de postura ocorreu depois que Bolsonaro foi condenado e preso, o que teria levado Trump a deixar de se importar com a situação do brasileiro.
De acordo com o ex-diplomata, Trump não acompanha de perto o cenário político do Brasil nem demonstra interesse constante pelo país. “Posso quase garantir que ele não acorda todos os dias pensando no Brasil”, declarou Feeley ao portal. Ele acrescentou que, a partir do momento em que Bolsonaro deixou de exercer protagonismo político e, segundo sua avaliação, o Estado de Direito voltou a prevalecer no país, Trump teria simplesmente deixado o ex-presidente brasileiro de lado.
Na análise apresentada, Feeley afirmou que derrotas e reveses jurídicos pesam negativamente na forma como Trump enxerga aliados políticos. “Se há algo que Donald Trump não tolera são perdedores”, disse o ex-embaixador à BBC News Brasil, ao comentar o impacto da condenação de Bolsonaro na relação entre os dois.
Feeley também avaliou que o atual secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, não teve papel relevante em eventuais tentativas de influenciar Trump em favor de Bolsonaro. Segundo ele, Rubio não demonstraria interesse específico pelo Brasil. Para o ex-embaixador, a principal articulação junto ao presidente americano teria sido feita pelo ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Ainda segundo Feeley, após a condenação de Bolsonaro, Trump recuou da imposição de tarifas ao Brasil, mas não reconheceu publicamente qualquer erro nessa decisão. O ex-embaixador afirmou que essa postura estaria alinhada ao comportamento adotado por Trump ao longo de sua trajetória política.
Na avaliação apresentada à BBC News Brasil, a suspensão das tarifas não teria sido resultado direto de negociações conduzidas pelo governo brasileiro, mas sim reflexo do que Feeley descreveu como um comportamento errático do presidente norte-americano. Ele afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se beneficiado da decisão de Trump de não levar adiante as sanções.
Ao comentar as relações entre os dois países, Feeley declarou que recomendaria a líderes estrangeiros que evitassem proximidade excessiva com Trump. Segundo ele, o ideal seria permitir que as relações econômicas, culturais e sociais entre Brasil e Estados Unidos continuem funcionando até que o país retorne a um padrão considerado mais estável de atuação internacional.





