O genro do secretário de Planejamento da Bahia, o advogado Marcelo Junqueira Ayres, apontado como operador financeiro da desembargadora Ilona Márcia Reis, presa nesta segunda-feira (14) na 7º fase da Operação Faroeste, teve detalhado pelo Ministério Público Federal (MPF) alguns encontros utilizados para recolher dinheiro para a magistrada.
Dois desses encontros chamam atenção. Um deles é detalhado por Júlio César, apontado como operador financeiro da desembargadora Sandra Inês Ruscioelli. Em acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República, ele informou que pagou R$ 200 mil de propina para Marcelo Junqueira, dentro do estacionamento G1 do Salvador Shopping, no dia 13 de novembro de 2019.
“O encontro em questão somente ocorreu após JÚLIO CÉSAR circular a pé por diversos minutos pela garagem do Shopping, nos níveis G1 e G2”, diz relatório da Procuradoria.
“Após o referido deslocamento registrado, foi possível visualizar, sem acompanhamento aproximado, que o veículo em questão ficou transitando pelo G2 durante alguns minutos, com paradas repentinas, em conduta tipicamente empregada como forma de contrainteligência. Neste contexto, o acompanhamento foi feito de forma distante, visando não evidenciar a vigilância em curso. Apenas às 14h54min JÚLIO CÉSAR foi deixado junto à escada rolante do nível G2, próximo à área gourmet, de onde desceu para o nível G1 e, após retornar ao seu veículo, deixou o estabelecimento”, acrescenta.
Dois meses depois eles recordaram essa reunião em outro encontro, dessa vez flagrada pela Polícia Federal e relatada em denúncia do MPF, no estacionamento público no TRE-BA. Júlio Cézar chegou em um Corolla e Marcelo em um BMW X5.
“Se verificou que JÚLIO CESAR sai do seu veículo e se desloca até o local de parada da BMW, adentrando no referido veículo no assento do carona, ao passo que MARCELO JUNQUEIRA, já tendo adentrado no carro, tomou a posição do motorista”, relata a PF no documento.
“O encontro durou, aproximadamente, 11 minutos, tendo iniciado às 10h:48min e finalizado às 10h:59min”, completa. O encontro aconteceu no dia 27 de janeiro desse ano.
O MPF pediu a prisão de Marcelo Junqueira, assim como a da desembargadora Ilona Reis. Apesar disso, o ministro do STJ responsável pela Faroeste, Og Fernandes, autorizou contra o advogado apenas mandado de busca e apreensão. Já Ilona foi presa.
“Apesar de existirem vários fatos supostamente criminosos associados a eles, entendo que, em sua maioria, são despedidos de contemporaneidade e representam narrativas que, nesse momento processual, ainda possuem lacunas a serem preenchidas, o que justifica a necessidade de aprofundamento de apuração criminal, sem prejuízo de posterior análise de medida cautelar mais restritivas”, argumentou o magistrado.
O Varela Notícias tentou contato com o advogado Marcelo Junqueira para comentar o caso, mas não conseguiu.
Fonte: Varela Notícias