Um funcionário do supermercado Atakarejo teve a prisão decretada pela Polícia Civil e é considerado foragido. A polícia também confirmou que o gerente geral da loja que fica no Nordeste de Amaralina está entre as oito pessoas que já foram presas suspeitas de envolvimento nos assassinatos de Bruno Barros e Yan Barros, tio e sobrinho, mortos após furtarem carne, em Salvador.
Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan teriam sido flagrados furtando carne no estabelecimento e seguranças do mercado entregaram os dois a traficantes do complexo do Nordeste de Amaralina. Em coletiva, realizada na segunda-feira (10), a polícia disse que os seguranças pediram R$ 700 para liberar as vítimas.
Na tarde desta quarta, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) já tinha confirmado que mais um suspeito de tráfico foi preso na terça-feira (11), por envolvimento nos assassinatos da dupla.
Com a prisão de terça-feira, sobe para oito o número de pessoas detidas por suspeita de participação no crime: três seguranças do mercado e cinco homens apontados pela polícia como traficantes.
Ainda nesta quarta-feira, cerca de sete testemunhas do caso serão ouvidas pela polícia.
Além disso, em nota a rede Atakarejo informou que entregará à polícia, também nesta quarta, celulares de funcionários. Também por meio de nota, o Atakarejo disse que imagens das câmeras do sistema de segurança da loja foram cedidas às autoridades policiais que investigam o caso.
Ainda de acordo com a nota, o Atakarejo informou que instalou um processo de sindicância que já resultou no afastamento dos funcionários suspeitos de envolvimento com o fato em questão, até que as investigações sejam concluídas.
Imagens gravadas por um celular flagraram um segurança do supermercado agredindo um jovem. A mãe de Yan reconheceu que a pessoa agredida no vídeo é o filho dela.
As imagens foram divulgadas na terça-feira e entregues à Polícia Civil e à Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que analisam o conteúdo. No vídeo é possível ver que o segurança deu um mata-leão no jovem.
Além da mãe ter reconhecido Yan no vídeo, é possível ver que, na filmagem, ele está com as mesmas roupas, calçados e máscara em que aparece em uma foto, sentado no chão do Atakarejo, ao lado do tio.
Nas imagens gravadas, Yan pede o tempo inteiro para sair e grita “não” repetidamente. Depois disso, ele acaba caindo no chão e parece chorar. No vídeo, não dá para identificar se Bruno Barros, o tio que foi morto junto com ele, está no local.
Também é possível ver no vídeo que ao menos seis pessoas assistem à cena sem fazer nada. A filmagem foi interrompida abruptamente, com o jovem ainda ao chão.
Seguranças presos e envolvimento do tráfico
Na segunda-feira (10), uma operação policial prendeu três seguranças do Atakarejo e quatro suspeitos de tráfico, por envolvimento na morte de Bruno e Yan. Além disso, um gerente da loja se apresentou à polícia, mas foi liberado após prestar esclarecimentos.
Na operação, a polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina. Filmagens de câmeras de segurança foram parcialmente encontradas, e a polícia investiga se parte do material, que não foi registrado, foi apagada.
Participaram da Operação Retomada cerca de 50 equipes com 200 policiais civis, agentes da Polícia Militar, da Superintendência de Inteligência da SSP e do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Tio e sobrinho mortos
Na noite do dia 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.
Um dia depois, no dia 27, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que eles foram morto após terem sido flagrados pelos seguranças do supermercado Atakarejo furtando carne no estabelecimento.
Ela divulgou mensagens de áudio que Bruno enviou a uma amiga contando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem diz ter feito.
No dia 30 do mesmo mês, parentes e amigos dos dois homens fizeram uma manifestação na rua onde eles moravam, em Fazenda Coutos, e depois na frente do Atacadão Atakarejo que fica no mesmo bairro.
O grupo bloqueou a rua próximo à Base Comunitária da Polícia Militar pedindo justiça. Emocionada, a mãe de Bruno , Dionésia Pereira, chegou a passar mal durante o ato. Depois, eles entraram no supermercado e com cartazes fizeram um protesto.
Fonte: G1