A taxa de desemprego no Brasil ficou estável em 11,1% no primeiro trimestre de 2022, informou nesta sexta-feira (29) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos três meses imediatamente anteriores (quarto trimestre de 2021), o indicador também estava em 11,1%.
O novo resultado veio abaixo das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 11,4% entre janeiro e março.
O número de desempregados foi de 11,9 milhões no primeiro trimestre de 2022, apontou o IBGE. Esse contingente era de 12 milhões no quarto trimestre de 2021.
Já a população ocupada com algum trabalho foi estimada em 95,3 milhões, caindo 0,5% na comparação com o trimestre anterior, o que significa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho.
De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, a estabilidade da taxa de desocupação é explicada pelo fato de não haver crescimento na busca por trabalho no trimestre.
O cenário é diferente daquele apresentado nos outros trimestres encerrados em março, quando, pelo efeito da sazonalidade, havia aumento da procura por trabalho.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, afirma Adriana.
A taxa de desocupação é a menor para um trimestre encerrado em março desde 2016, quando também foi de 11,1%.
Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
A Pnad envolve tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
Pelas estatísticas oficiais, a população desempregada reúne quem não tem trabalho e segue à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando alguma oportunidade não entra no grupo dos desocupados.
O mercado de trabalho tenta se recuperar no Brasil do baque gerado pela pandemia. Segundo a Pnad, o número de desocupados chegou a romper a faixa dos 15 milhões no começo de 2021, sob efeito da crise sanitária.
Com a derrubada de restrições e a reabertura da economia, houve um processo de retorno ao trabalho, e o desemprego passou a ceder ao longo do ano passado.
A reabertura de vagas, contudo, foi marcada por uma sequência de quedas na renda média do trabalho em termos reais.
Disparada da inflação, volta de informais ao mercado e criação de empregos com salários mais baixos são explicações apontadas para o rendimento enxuto.
No primeiro trimestre de 2022, a renda média de quem seguiu trabalhando até voltou a crescer na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O indicador foi estimado em R$ 2.548, um avanço de 1,5% em relação ao intervalo de outubro a dezembro (R$ 2.510).
Contudo, na comparação anual, o rendimento seguiu no vermelho. Frente ao trimestre encerrado em março do ano passado, houve retração de 8,7% (R$ 2.789). O valor de R$ 2.548 é o menor para o primeiro trimestre na série histórica do IBGE, com dados desde 2012.
De acordo com economistas, a recuperação mais consistente do emprego e da renda depende do crescimento da atividade econômica como um todo.
A questão é que as estimativas sinalizam baixo desempenho para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, sob impacto da inflação persistente e dos juros altos.
O mercado financeiro prevê leve avanço de 0,65% para o PIB deste ano, mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central).
Fonte: Bahia notícias