O ano de 2024 começou com uma escolha para o paranaense Vinicius Rodrigues, de 29 anos. O atleta paralímpico, velocista no atletismo, precisou decidir logo nos primeiros dias do ano entre continuar na luta para disputar os Jogos Paralímpicos de Paris ou se tornar um dos participantes do BBB 24.
E o paranaense tomou a decisão tão rápido quanto o tempo de suas competições nas pistas (cerca de 12 segundos): a partir do dia 8, ele é um dos moradores da casa mais vigiada do Brasil. “A vida é feita de apostas e eu gosto de apostar alto”, afirma.
A vida de Vinicius mudou completamente quando ele tinha 19 anos. Em 2013, ele sofreu um acidente de moto em Maringá, onde morava. Sua moto foi atingida por um carro e ele foi arremessado, se chocando com uma placa de trânsito.
Após o acidente, Vinicius sua perna esquerda amputada. E foi nessa circunstância que o otimismo, uma de suas principais qualidades, veio à tona. Ao receber a visita da campeã paralímpica Terezinha Guilhermina, Vinicius encontrou um novo sonho: se tornar atleta profissional.
“Recebi a visita da Terezinha, que me mostrou o esporte. Com três dias, dentro do hospital, virei a chave. Vi um atleta correndo com prótese e pensei: ‘quero isso para mim’”, lembra.
A força de vontade fez Vinicius ir para a pista de corrida após cerca de seis meses do acidente. E, ao longo da última década, ele se transformou num atleta de alta performance, com feitos incríveis. Em 2015, participou da primeira competição após o acidente e, quatro anos depois, se tornou recordista mundial dos 100 metros na categoria amputados de perna, ao completar a prova em 11 segundos e 95 milésimos.
Já em 2021, Vinicius disputou seus primeiros Jogos Paralímpicos, em Tóquio, no Japão. E, logo na estreia, o paranaense se tornou medalhista de prata, perdendo a prova por apenas um milésimo. “Sou um cara muito competitivo. A minha prata foi uma derrota. Com o passar do tempo consegui administrar melhor isso. Foi o quase mais quase da minha vida. Treinei quatro anos para aquilo. Você piscou o olho, são 0,3 segundos. Perdi por 0,1”, lembra.
Após a prata, foco em um novo ciclo paralímpico. No caminho, uma nova medalha de prata, dessa vez no Mundial de Paris, e agora a oportunidade de ir para o BBB, depois de já ter tentado duas vezes entrar na casa. “Talvez o pessoal do esporte vá me crucificar: ‘o cara é maluco, vai perder a olimpíada’. Sou maluco, sim. Estava louco para ver um estádio lotado e em Paris seria diferente. Mas tem Los Angeles (2028) ainda, está tranquilo. Com o passar do tempo o pessoal do esporte vai me abraçar”, brinca
Pai de Ana Luiza, de 7 anos, Vinicius conta que nunca namorou. E ele não espera encontrar no BBB um grande amor. “Meu foco sempre foi treinar e ter relacionamentos casuais, sem estresse. Essa vida de atleta, do treino para casa, nunca permitiu conhecer muita gente. Mas no BBB eu não quero ficar de casalzinho. Não gosto de ficar preso a ninguém. Sou do ‘quem divide, multiplica’”, explica, aos risos.
Caso pinte um affair na casa mais vigiada do Brasil, ele já preparou a família que pode protagonizar momentos mais quentes no confinamento. “Sou bonitinho, maneiro, com certeza vai rolar. Já avisei a minha mãe: ‘no payperview você vai ver um edredonzinho’. Qualquer coisa você muda de canal”, diverte-se.
Vinicius também promete se esbaldar nas festas. “Se eu quiser, eu vou fazer e pronto. Eu gosto de sair, dançar. Estava curtindo o Carnaval na Vila Madalena (em São Paulo) e, duas semanas depois, eu estava batendo o recorde do mundo. Eles acham que o atleta paralímpico vai ficar quieto e, do nada, está lá o ‘cyborg’ dançando até o chão”, comenta.
Preparado para o assédio após o confinamento? Vinicius garante que sim e que nada vai mudar em sua vida. “Eu tenho um pé só e preciso ficar com ele no chão. Não fico deslumbrado com as coisas que acontecem na minha vida. Estou preparado, se a fama vier”, avisa.