BAHIA

Após 12 anos, filha vira advogada e garante absolvição da mãe acusada de homicídio em cidade baiana

A filha tinha apenas 14 anos quando a mãe foi levada pela polícia para prestar esclarecimentos sobre a morte do namorado.

Rosália Maria Negrão Pita viveu mais de uma década sob a sombra de uma acusação que mudou sua vida e a de sua família. Em 13 de março de 2012, ela foi apontada como suspeita pela morte do namorado, José Antônio Silva Braga, em Valença, no interior da Bahia. O caso, marcado por investigações controversas e por um longo processo judicial, ganhou um capítulo inédito: a própria filha de Rosália, Camila Pita, se tornou advogada e assumiu a defesa da mãe no tribunal do júri, doze anos após o episódio.

Camila tinha apenas 14 anos quando a mãe foi levada pela polícia para prestar esclarecimentos sobre a morte de José Antônio. “Acordei de madrugada com batidas na porta. Eram policiais procurando minha mãe. Fiquei desesperada, sem entender o que estava acontecendo”, relembra Camila. Desde então, acompanhou de perto cada etapa do processo, estudou o caso minuciosamente e se formou em Direito com o objetivo de provar a inocência de Rosália.

Durante o julgamento, realizado em setembro de 2024, Camila destacou que conhecia todos os detalhes do inquérito. “Meu foco era tão grande, a responsabilidade de garantir a liberdade da minha mãe era tamanha, que mal conseguia comer ou dormir nos dias que antecederam o júri”, relatou. O caso chamou atenção pela fragilidade das provas e pela ausência de evidências concretas que ligassem Rosália ao disparo. Testes residuográficos feitos tanto em Rosália quanto na vítima deram negativo para pólvora, e a perícia não encontrou digitais da acusada na arma utilizada.

A promotoria, no entanto, sustentou a tese de homicídio, alegando que Rosália teria agido por vingança em razão de um relacionamento conturbado, e que teria alterado a cena do crime. A defesa rebateu, afirmando que não havia testemunhas presenciais nem provas materiais que sustentassem a acusação. Um laudo independente contratado pela defesa esclareceu que o sangue encontrado no vestido de Rosália era compatível com o socorro prestado à vítima, não sendo suficiente para incriminá-la.

Durante o julgamento, a promotoria chegou a pedir que Camila fosse retirada da defesa por ser filha da ré, mas o juiz manteve sua participação após confirmar sua regularidade profissional. Após horas de depoimentos, análises técnicas e exposição de vídeos e laudos, o júri formado por sete pessoas decidiu, por quatro votos a zero, absolver Rosália tanto da acusação de homicídio quanto de fraude processual.

“Foi um teste de sobrevivência. Estou livre para contar essa história”, declarou Rosália, emocionada, após o veredito. Para Camila, a decisão representa não apenas a vitória da mãe, mas também a superação de uma trajetória marcada por dor, injustiça e resiliência.

Fonte: Bnews

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