Uma ação de demolição realizada na manhã desta segunda-feira (09/06) no bairro de Pituaçu, em Salvador, gerou protestos da comunidade de matriz africana. O alvo foi o terreiro Ilê Axé Oyá Onira’d, que teve suas estruturas religiosas derrubadas por equipes coordenadas pelo governo da Bahia. A justificativa é de que o espaço estaria instalado irregularmente dentro da área de proteção ambiental do Parque Metropolitano de Pituaçu.
Segundo Gabriel Machado, coordenador da Associação Parque Pituaçu e representante da comunidade local, a operação foi realizada sem aviso prévio. “As pessoas foram pegas de surpresa. Derrubaram estruturas sagradas, pilares de culto religioso, sem nenhuma sensibilidade. Isso é uma violência simbólica e espiritual”, denunciou.
Representantes da Casa Civil do Governo, Procuradoria Geral do Estado (PGE), Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) estavam presentes na operação, que também contou com apoio da Polícia Militar.
Em nota oficial, o Inema afirma que a ação foi coordenada entre diversos órgãos estaduais e que a medida é parte de um esforço para preservar o ecossistema da região, considerado um dos mais importantes remanescentes de Mata Atlântica urbana da capital baiana.
“A ocupação irregular foi identificada em dezembro de 2024 e constatada, em vistoria técnica, como causadora de impacto ambiental significativo. Após notificação extrajudicial em janeiro de 2025, solicitando a retirada voluntária, a permanência se manteve, o que motivou a desocupação forçada”, diz o comunicado.
A área, conhecida como “Florestinha”, seria uma Zona de Preservação Permanente (APP) e está dentro dos 392 hectares do Parque Metropolitano, criado por decreto estadual em 1973.
Integrantes do terreiro e líderes religiosos acusam o Estado de intolerância religiosa. Para eles, a justificativa ambiental é usada como pretexto para suprimir manifestações de religiões de matriz africana. “É mais uma expressão do racismo ambiental e estrutural. A fé do povo preto continua sendo desrespeitada”, afirmou um dos ogãs presentes no local.
A Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), que participou da operação, ainda não se pronunciou oficialmente sobre os impactos da medida para a comunidade religiosa.
Fonte: Infprme baiano