Uma adolescente de 14 anos teve 80% do corpo queimado após um curto-circuito desencadear um incêndio na casa em que ela mora com a família no bairro Jequiezinho, em Jequié, no Sudoeste do estado. Segundo a mãe da garota, o curto-circuito começou pela TV, na manhã de segunda-feira (2), enquanto a menina dormia.
Aos prantos, a dona de casa Luciene Pereira Almeida, 41, relatou ao CORREIO como tudo aconteceu. No Hospital Geral do Estado (HGE), para onde a vítima foi transferida, Luciene – que é mãe de três filhas -, conta que havia saído para resolver problemas quando recebeu um telefonema do vizinho questionando se havia alguém no imóvel.
O vizinho entrou no imóvel e, segundo a mãe, contou que encontrou a adolescente sobre a cama, enrolada com um edredom e aparentemente desmaiada. “Ela pode ter respirado a fumaça, porque ele disse que pegou ela desacordada, toda coberta”.
A mãe disse ainda que a filha de 14 anos não gosta de acordar cedo. “Ela deve ter pensado que os gritos das meninas eram pra ela acordar, mas não, era pra livrar ela do fogo”, lamenta a mãe, ao lembrar que ouviu de uma médicas, esta manhã, que não seria enganada sobre o estado de saúde da menina.
Ela respondeu que, sim, que as duas filhas, de 7 e 14 anos, além da netinha de 2. O homem falou do incêndio, e não sabia, mas as duas crianças já haviam escapado do fogo. Conseguiram sair pelo quintal, depois de gritar a irmã, que continuou dormindo no único quarto da casa.
“Ela me disse: ‘mãe, o estado dela é muito grave. Ela teve 80% do corpo queimado’. Falou que ontem à noite ela acordou, mas precisou ser sedada de novo porque tentou tirar os tubos”, comenta, ao lembrar que apenas “cabelos e sobrancelhas não foram queimados”.
No posto policial da unidade de saúde, Luciene disse, ainda, que perdeu tudo em casa. A filha e a neta, que escaparam sem ferimentos, estão sob os cuidados da mais velha, uma jovem de 20 anos que havia saído para trabalhar no momento do acidente.
‘Não sei onde vou buscar coragem’
“Eu passei o dia inteiro no hospital ontem e só Deus tem me dado força para ver minha filha nesse estado. Estou com muito medo, não sei onde vou buscar coragem para entrar lá agora e olhar minha menina toda queimada”.
Sozinha em Salvador, a dona de casa disse que morava no imóvel há seis meses. O local, que comprou logo que se separou do pai das filhas, no entanto, já havia apresentado sinais de problemas na fiação elétrica.
“Eu notei que a tomada da geladeira estava dando uns curtos, mas nada demais. Chamei um rapaz para ver e achei que tinha ficado tudo bem. Quando foi ontem, isso”, diz ela, que, a princípio, socorreu a menina para o Hospital Prado Valadares, na cidade de Jequié.
Da casa, de um quarto com janela, sala, quintal, e banheiro, restou apenas a imagem da devastação causada pelo fogo: “Eu não quis nem fazer foto, ou ver, eu quero esquecer”.
Fonte: Correio