BAHIA

Possível contratação do goleiro Bruno pelo Flu de Feira gera repercussão; torcedores opinam

A notícia de uma possível contratação do ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, pelo Fluminense de Feira de Santana está causando revolta em muitos torcedores. Bruno está em regime semiaberto desde julho de 2019, quase nove anos após a morte da modelo Elizia Samúdio em 2010. Ele foi condenado a 20 anos e nove meses pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação de cadáver, e ganhou direito ao benefício após ter cumprido o tempo necessário para progressão da pena. A musa do Touro do Sertão, Évelin Martins, criticou a possibilidade dessa contratação.

“Como representante da torcida e principalmente das mulheres no meio futebolístico, sou contra a vinda do goleiro Bruno para o Fluminense de Feira. Não sou Deus para julgar ninguém, mas acredito que seria uma mídia negativa para o clube. Não estamos precisando de goleiro e ele sempre será lembrado por ter ceifado a vida de uma jovem por causa de uma pensão. Concordo que devemos ressocializar as pessoas, mas não será representando meu time que eu vejo isso. Acho que ele deveria fazer trabalhos comunitários e não voltar ao futebol como se nada tivesse acontecido, depois de ter tirado a vida de alguém. Ele não representa meu clube, não me representa”, afirmou.

Há também quem seja favorável a contratação. O torcedor Emanuel Carvalho disse ao Acorda Cidade que acredita que o goleiro Bruno tem o direito de recomeçar a vida profissional dentro de campo.

“Aquele que nunca errou que atire a primeira pedra. Acho que temos que nos colocar no lugar do ser humano. Estamos suscetíveis a errar e todos nós somos pecadores. Acho que o goleiro Bruno tem o direito a uma segunda chance, tem direito a essa oportunidade de trabalhar”, opinou.

O torcedor Rafael Queiroz, conhecido como ‘Rafael Kbeça’, avalia que a torcida está dividida. Ele faz parte de uma torcida organizada e afirmou que alguns torcedores aceitam e outros não. Rafael acredita que a contratação pode atrapalhar a negociação com alguns possíveis patrocinadores.

“O Fluminense só tem o Campeonato Baiano para disputar. É um campeonato curto. Quando o goleiro Bruno entrar em forma o campeonato já acabou. Outra questão é que nossa torcida é muito exigente. Acho que tudo isso precisa ser avaliado pela diretoria do clube”, ponderou.

Repercussão nas redes sociais

Nas redes sociais a discussão também ganhou espaço. Alguns jornalistas da cidade estão compartilhando uma imagem com as hashtags #BrunoNão e #RespeitaAsMulheres em campanha contra essa possível contratação.

“Respeitem as mulheres, a história do Fluminense de Feira de Santana. Acho importante a ressocialização, mas não em um time de futebol. Ele tomou a decisão de cometer um crime de uma maneira tão bárbara e tem todo o direito de se permitir ter um novo trabalho, ressocializar-se. Mas no esporte a gente quer exemplo de pessoas corretas. A gente não quer ver como ídolo uma pessoa que cometeu um crime, por mais que ele tenha começado a pagar sua pena. Não acho correto que ele volte a ser jogador de futebol”, afirmou a jornalista Lineia Fernandes.

“Se você acha que matar mulher só por ela ser mulher é bobagem fique com sua consciência. Se acha que precisa ajudá-lo, contrate ele como seu assessor, seu empregado. Mas não espere que eu aceite, torça, vibre e aplauda o time que tem um goleiro que cometeu feminicídio, com tantos atletas precisando de uma chance. Parem de banalizar os crimes, especialmente os cometidos contra as mulheres”, escreveu a jornalista Rose Leal através de uma rede social.

O advogado e empresário e ex-presidente do Conselho Deliberativo do Clube, Rafael Cordeiro, cobrou da prefeitura de Feira de Santana, uma das patrocinadoras do clube feirense, um posicionamento com relação a esse assunto. Segundo ele, este fato impactará na estima e orgulho dos feirenses em relação ao Touro do Sertão e disse que tomará providências cabíveis, inclusive jurídicas e judiciais, para barrar essa contratação.

“Em minha opinião, não há o menor sentido ou possibilidade do goleiro Bruno ser contratado pelo Fluminense de Feira de Santana. Primeiro porque o Fluminense de Feira não teria recurso financeiros para arcar com tal contratação, sem prejuízo às outras despesas administrativas e esportivas da agremiação. Segundo porque ressocializar um ex-detento não significa necessariamente recolocá-lo na mesma atividade laborativa que possuía antes da execução da pena. O atleta em questão, inclusive, possui condições econômicas e financeiras para realizar trabalhos sociais. E terceiro, e mais importante, porque futebol profissional envolve dinheiro, muitas vezes públicos, infelizmente, e quase sempre são reproduzidos para milhares de pessoas pela mídia em geral, gerando grande impactos sociais e comportamentais, principalmente em crianças e jovens”, publicou.

A deputada estadual Olívia Santana, que é militante do movimento de mulheres negras, também usou as redes sociais para manifestar repúdio a possível contratação do ex-goleiro do Flamengo pelo Fluminense de Feira de Santana. 

“Que coisa abominável. Jesus Cristo deve estar se revirando na cruz. A luta pelo fim do feminicídio implica em não se banalizar as práticas de machismo letal. Um jogador que trai o público que o admira, cometendo um crime hediondo contra sua companheira, não deveria voltar a entrar em campo. Não podemos promover a admiração, o glamour a um assassino. Fazer isto é um desrespeito a memória da vítima, é machucar mais uma vez seus familiares. Espero que a torcida seja mais digna do que os diretores do clube que estão negociando essa contratação absurda”, escreveu.

O Acorda Cidade entrou em contato com o presidente do Fluminense de Feira, mas ainda não obteve retorno. 

Fonte: Acorda Cidade

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