Antes de ser morto pela Polícia Militar baiana, o miliciano Adriano da Nóbrega conseguiu escapar de uma ação policial atravessando uma área de mangue e depois uma lagoa, a nado, nas proximidades de um condomínio de luxo na Costa do Sauípe, na Bahia. As informações são do Bahia Notícias.
Segundo informações do G1, a rota de fuga foi descoberta por agentes da Bahia e do Rio de Janeiro, que se articularam para capturar o miliciano. Nóbrega foi encontrado no domingo (9) e, como reagiu atirando, segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-BA), foi morto pelos militares.
O miliciano é um ex-tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar fluminense. Ele era suspeito de comandar o Escritório do Crime, grupo que cometeu dezenas de assassinatos no Rio de Janeiro.
De acordo com a publicação, já dado como foragido, em dezembro, Nóbrega alugou uma casa em um condomínio de luxo na Costa do Sauípe, onde se exercitava diariamente na academia.
No entanto, ele teria percebido que a polícia cercava o local e decidiu fugir. Nesse momento, de acordo com a SSP-BA, o ex-PM fugiu pelos fundos da casa até um mangue.
Depois de cruzar a vegetação, Nóbrega mergulhou na lago e nadou até a restinga em direção à praia. Todo esse percurso de um quilômetro foi feita em cerca de 50 minutos – os policiais concluíram o tempo e o trajeto após refazerem a rota definida pelo ex-tenente.
Ao chegar na praia, Nóbrega correu por mais 50 minutos em direção à cidade mais próxima e lá alugou um carro para ir até a fazenda do pecuarista Leandro Guimarães, em Esplanada. Com medo de estar sendo seguido, o miliciano alugou mais três carros dentro de três horas para chegar no município.
Em depoimento à PM, o pecuarista disse aos policiais que esteve com Nóbrega em diversas vaquejadas. Segundo ele, o miliciano afirmou que estava de férias e procurava uma terra para comprar. Com isso, o pecuarista disse que levou Nóbrega a vários lugares que estavam à venda, mas ele não teria gostado de nenhum e seguiu hospedado na sua fazenda.
O ex-tenente só se mudou na noite do último sábado (8). De acordo com o depoimento do pecuarista, depois de mexer no celular, Nóbrega ficou muito nervoso e exigiu, sob ameaça de morte, que fosse levado para um dos sítios que havia visitado.
“Ele disse, sobre o novo local, que teria sido uma escolha do próprio Adriano, que conhecia esse local previamente por ter sido a ele mostrado como uma possibilidade de compra”, disse o promotor que investiga o caso na Bahia.
A matéria indica que o percurso entre a fazenda de Guimarães e o sítio onde Nóbrega foi encontrado é de 10 km. O imóvel em questão pertence ao vereador Gilsinho de Dedé (PSL), irmão do deputado estadual Alex Lima (PSB). O edil disse que não conhecia o miliciano e nem sabia que ele estava escondido em seu sítio.
De toda forma, Nóbrega não passou muito tempo no local. No dia seguinte, 75 agentes de várias forças de segurança da Bahia chegaram ao sítio em busca dele.
Já Guimarães estava preso desde o dia da operação, pois não tinha autorização para possuir as três armas encontradas na sua fazenda, duas delas com numeração raspada. Ao depor, ele disse que não contou onde estava o foragido por temer risco à própria vida e de seus familiares. Na terça (11), ele obteve autorização da Justiça para sair da prisão.
Em entrevista à publicação, o promotor encarregado do caso na Bahia, Dário José Kist, questionou a versão apresentada pelo fazendeiro. “Quem passa uma festa junto com outra pessoa é porque tem um nível de aproximação, de proximidade que deixa duvidosa essa afirmação de que ele tinha conhecido ele recentemente e que, portanto, desconhecia o passado criminoso de Adriano”, afirmou Kist.
Com base nesses novos fatos, a Polícia Civil do Rio investiga a relação entre Guimarães e Nóbrega, além da participação dele na fuga do ex-tenente.