Lúcio Santana tinha pouco mais de um ano trabalhando como vendedor em uma loja de departamento em um shopping da capital baiana quando começaram as medidas de isolamento social na cidade. Ele foi demitido, junto com outros colegas e precisou dar entrada no seguro-desemprego no início do mês de abril.
Essa realidade é cada vez mais recorrente na Bahia. Números do Boletim Seguro-Desemprego levantados pelo Ministério da Economia apontam que, em 2020, o número de entradas solicitando o benefício cresceu em 97% aqui no Estado em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto na primeira quinzena de maio de 2019 foram 12.971 pedidos, neste ano o número saltou para 25.601.
Superintendente de Desenvolvimento do Trabalho do Estado, Marcelo Gavião afirma que não esperava que o resultado fosse diferente por contra da matriz econômica da região que tem uma parcela significativa de sua economia voltada para o comércio e serviços. A pandemia afetou esses setores de forma direta: lojas fechadas, menos gente na rua para fazer compras. O baque era inevitável.
O comércio, por exemplo, perdeu 9.582 postos de trabalho em todo o estado durante o último mês de abril e puxa para cima uma outra estatística complicada: o saldo negativo registrado neste ano já “anula” o conquistado em 2019, quando a Bahia foi o estado que mais gerou empregos no Nordeste e o 5º que mais gerou no país.
“Apenas no mês de abril perdemos todo o saldo positivo do ano passado. A equação entre o número de constratados e demitidos gerou um número positivo, em 2019, de 35 mil postos. Ou seja: somando o número de contratados e subtraindo das demissões, tivemos um saldo positivo no ano passado. Só em abril de 2020 esse saldo inverteu para 32 mil postos negativos”, explica.
Por outro lado, o superintendente afirma que outros setores passaram a gerar empregos em Salvador e Região Metropolitana: alimentos e supermercados por exemplo. Segundo Gavião, no último mês de abril houve registro de empresas que ampliaram o quadro de funcionários já que a demanda cresceu com as pessoas dentro de casa.
Há pessoas que vivem um drama ainda mais delicado. Estudante de psicologia, Raissa Calmon trabalhava no setor de atendimento para um aplicativo até dezembro do ano passado, quando houve um corte em massa. Ela deu entrada no seguro-desemprego, que recebeu durante cinco meses.
Ela não conseguiu se recolocar no mercado durante esse tempo. Nos três meses entre a demissão e o início da pandemia a oferta de trabalho estava escassa. Resultado: precisou abrir mão de alguns sonhos que já havia conquistado como independência e sua própria casa para retornar à casa da mãe.
“Já estava muito difícil encontrar emprego ante da quarentena e piorou depois disso. Estou em isolamento em março e se tornou impossível sair e arranjar um novo emprego”, conta.
Do dia 7 a 22 de maio, a Unidade Central do Sistema Nacional de Emprego na Bahia (SineBahia) realizou 18.211 atendimentos relacionados a entradas no Segudor-Desemprego. O tipo de atendimento mais utilizado foi o de orientações para solicitar o benefício por meios digitais.
O que é isso?
O Seguro-Desemprego é um benefício que oferece auxílio em dinheiro ao trabalhador por um período determinado: varia de três a cinco parcelas – o que varia de acordo com o tempo trabalhado.
Um empregado que ficou na empresa de 6 a 11 mees meses recebe três parcelas. Quem ficou de um ano a 23 meses recebe 4 parcelas. E de dois anos em diante tem direito a 5 parcelas.
O valor do benefício varia de R$1.045 (salário mínimo) a R$1.813,03. Para calcular o valor que receberá, o trabalhador deve somar o salário dos três meses antes de ser dispensado e dividir o total por três. Caso o resultado da média salarial para o cálculo do seguro-desemprego for:
1. Até R$ 1.599,61: multiplica-se o salário médio por 0,8 (80%);
2. De R$ 1.599,62 a R$ 2.666,29: o que exceder R$ 1.599,61 será multiplicado por 0,5 (50%) e somado a R$ 1.279,69;
3. Acima de R$ 2.666,29: a parcela será de R$ 1.813,03.
Como pedir?
O SineBahia orienta que os trabalhadores solicitem seus benefícios de forma virtual, evitando ir até os postos de atendimento e diminuindo o risco de contaminação pelo coronavírus. Vale lembrar que é preciso solicitar o auxílio de 7 a 120 dias após a demissão.
Há algumas opções para solicitar esse serviço sem sair de casa: o primeiro é pelo aplicativo Carteira de Trabalho digital, que está disponível na App Store e Google Play. Você precisa baixar o app e seguir duas etapas. Uma de cadastro e a outra de situação. Para fazer o cadastro você clica em:
- Clique em em “Cadastrar”;
- Digite CPF, nome completo, celular e email. Marque a opção “Não sou um robô” e “Eu aceito os Termos de Uso e Política de Privacidade”. Depois, clique em “Continuar”;
- Preencha questões pessoais solicitadas, como ano de nascimento e nome da mãe;
- A plataforma irá enviar uma mensagem por email ou para o número de celular (se você tiver informado);
- Será preciso validar o cadastro pelo link enviado por email ou pelo código enviado por SMS;
- Crie uma senha e está pronto o cadastro.
Feito isso, é hora da solicitação:
- Informe o CPF e, na tela seguinte, a senha. Vá em “Entrar”;
- Selecione “Benefícios”
- Em seguro-desemprego, clique em “Solicitar” Informe o número do requerimento do seguro-desemprego (o número, de dez dígitos, está registrado no formulário entregue pelo empregador) e clique em “Localizar”;
- Por fim, siga as instruções apresentadas.
Também é possível fazer a solicitação pelo site Emprega Brasil. Para esclarecer dúvidas sobre o benefício, a Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre) criou uma Central de Atendimento, que funciona pelo telefone 0800 284 9015. A ligação é gratuita e pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, exceto nos feriados. Outro canal de comunicação é o e-mail [email protected].
Caso o trabalhador encontre dificuldades na hora de fazer a solicitação, o SineBahia informa que pode ser um problema relacionado a alguma incompatibilidade dos dados: nome errado, CPF ou situações do tipo. Pensando nisso, o SineBahia pede para que entre em contato no telefone ou email citados acima para a marcação de um horário na sede fixa a fim de resolver o problema.
Fonte: Correio24horas