O deputado federal João Roma (Republicanos-BA) destinou uma emenda de R$ 1 milhão para o Hospital Martagão Gesteira, referência em atendimento pediátrico e tratamentos de alta complexidade na Bahia e maior unidade exclusivamente pediátrica do Norte e Nordeste. O recurso será utilizado para a implantação do primeiro serviço de transplante de fígado da Bahia, o que irá qualificar ainda mais o atendimento do hospital.
Na noite desta segunda-feira (24), Roma participou de uma reunião por videoconferência com equipe técnica da entidade que está discutindo a implantação do transplante. O processo já teve a sua primeira etapa concluída, com a habilitação do serviço pelo Ministério da Saúde. O segundo passo é o início do ambulatório pré-transplante, que será no dia 24 de setembro. Por fim, a terceira etapa será o primeiro transplante, cujo prazo estipulado para ocorrer é entre dezembro deste ano e janeiro de 2021.
O diretor-presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, mantenedora do Martagão Gesteira, Carlos Emanuel Melo, afirma que, hoje, há 125 crianças sendo acompanhadas. Parte delas já fez e outra parte aguarda o procedimento. Ele lembrou que, recentemente, com uma mudança na legislação, foi possível que emendas parlamentares fossem destinadas para ações de custeio nas entidades de saúde, o que viabilizou que os recursos destinados por Roma fossem para o serviço.
No total, cada transplante custará em torno de R$ 230 mil, valor que engloba gastos com centro cirúrgico, materiais e medicamentos, além de honorários da equipe cirúrgica. Contudo, a remuneração do SUS para o serviço é de R$ 85 mil, o que representa déficit para o hospital de R$ 145 mil por transplante realizado. A emenda de Roma será utilizada, em parte, para cobrir este déficit e permitir que as primeiras cirurgias sejam realizadas.
A expectativa é que quatro transplantes ocorram no primeiro ano. Com isso, em torno de R$ 620 mil da emenda do deputado serão aplicados como financiamento complementar das operações. Os R$ 380 mil restantes serão utilizados para investimentos no serviço.
“Parabenizo a toda a equipe pela dedicação, planejamento e profissionalismo que tem demonstrado, especialmente aos profissionais que têm se dedicado a absorver essa tecnologia, que fará sem dúvida um grande diferencial aqui. A ação pioneira vem eliminar as dificuldades que muitas famílias tinham que assumir para que suas crianças realizassem o atendimento em outros estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul”, disse Roma.
Hoje, os transplantes pediátricos se concentram praticamente em São Paulo, principalmente no Hospital Sírio Libanês. O objetivo do Martagão é importar a tecnologia e capacitar os profissionais para a realização do serviço na Bahia.
Carlos Emanuel Melo destaca que os transplantes em criança são mais uma fronteira que o sistema público da Bahia precisa vencer. “É por isso que o Martagão Gesteira se alinhou ao Sistema Único, no sentido de tentar cobrir essa lacuna assistencial esse vazio assistencial. Já não dá mais para suportarmos que as nossas crianças, quando precisam desse tipo de tratamento, necessitem se deslocar para outros estados e que precisem aguardar nas filas dos outros estados, criando não só problemas para essas famílias como também sobrecarregando os sistemas de saúde dos outros estados. É de uma relevância extrema poder oferecer maior chance de vida para crianças que precisam desse tipo de tratamento”, ressalta.
Planejamento
O serviço de transplante hepático infantil vem sendo planejado pela instituição há cinco anos, quando foram iniciados investimentos para a adaptação do hospital. Foram aplicados, por exemplo, recursos na infraestrutura, com adaptação da rede elétrica, reforma e ampliação dos leitos de UTI, reforma e aquisição de elevadores e adequação do centro cirúrgico.
No total, foram investidos R$ 6 milhões nestas ações de infraestrutura, segundo a gerente operacional do Martagão, Érica Oliveira, que também participou da reunião desta segunda. Além disso, foram adquiridos, com custo total de R$ 4,5 milhões, diversos equipamentos essenciais para a realização do transplante, como bisturi de argônio e microscópio cirúrgico.
Uma equipe do hospital, formada por profissionais de diversas áreas, tem passado por capacitação no Hospital Sírio Libanês. A primeira etapa de capacitação, quando profissionais da unidade de São Paulo vieram para o Martagão, contou com conteúdo teórico de 40 horas. Já a segunda etapa teve mais de 5 mil horas de conteúdo teórico e prático em São Paulo.
Segundo Carlos Emanuel Melo, a partir do segundo ano o custo unitário de cada transplante deve reduzir de R$ 230 mil para R$ 195 mil. Mesmo assim, ainda haverá déficit, o que demandará novas campanhas de captação de recursos para viabilizar o serviço.
Roma se colocou à disposição para ajudar neste processo e afirmou que será parceiro para a prospecção de recursos para os próximos anos. “Mesmo que não seja 100% de emenda minha, até com parceiros do mundo privado, não me constranjo em bater portas para um projeto desta natureza. Meu intuito é acompanhar o desdobrar deste projeto”, destacou.
“Me coloco à disposição integralmente, não só com destinação de recursos, mas para acompanhar e, em qualquer desses pontos, ser acionado para que possamos ajudar desde o sentido burocrático até batendo em outras portas e buscando parceiros. O que eu busquei desde o início foi colocar recursos e ver isso dando sequência. Não me interessava simplesmente destinar o recurso e esquecer como se estivesse fazendo o pagamento de um débito de consciência”, complementou o deputado.