Ao menos sete pessoas da mesma família de ciganos foram mortas desde o assassinato dos policiais Luciano Libarino Neves, de 34 anos, e Robson Brito de Matos, de 30 anos, no dia 13 de julho em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.

Além disso, uma pessoa está custodiada no hospital – o pai dos sete mortos – e outras duas ainda não foram localizadas.

No dia 19 de julho, o Instituto Cigano do Brasil (ICB) emitiu uma nota pedindo intervenção do poder público, em Vitória da Conquista, após a morte dos dois policiais. A comunidade afirmou que sofre represálias desde então.

De acordo com a delegacia que investiga o caso, a suspeita é de que o assassinato dos PMs tenha sido cometido por pessoas que fazem parte da comunidade cigana. Por causa disso, os povos de pelo menos três etnias têm sofrido represálias de policiais militares e a situação tem causado pânico entre eles.

Veja abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso:

  • Quem morreu?
  • Aonde as mortes aconteceram?
  • Quem matou os policiais?
  • O que os PMs faziam quando foram mortos?
  • Quem já foi preso?
  • O que diz a Secretaria de Segurança de Pública (SSP-BA) sobre o caso?
  • O que diz o Instituto de Ciganos do Brasil (ICB)?

Quem morreu?

Dois policiais militares,identificados como Luciano Libarino Neves, de 34 anos, tenente, e Robson Brito de Matos, de 30 anos, soldado, foram mortos a tiros no dia 13 de julho, no distrito de José Gonçalves, na zona rural de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. As armas e os telefones celulares foram roubados pelos suspeitos.

No mesmo dia, a polícia realizou buscas para localizar os autores do crime e, durante troca de tiros, um homem identificado como Ramon da Silva Matos, foi baleado. Ele foi encaminhado para um hospital, mas não resistiu.

Outros dois suspeitos morreram no dia 14 de julho, na cidade de Itiruçu, também no sudoeste. Eles foram identificados como Dalvan da Silva Matos e Arlan da Silva Matos.

Um adolescente de 13 anos, que fazia parte de uma família cigana, foi baleado dentro de uma farmácia no centro da cidade, na noite de 14 de julho, e morreu no hospital no sábado (24).

No dia 28 de julho, três homens suspeitos de envolvimento nos assassinatos dos policiais morreram em confronto com a polícia, na cidade de Anagé, cidade que também fica no sudoeste da Bahia e a cerca de 50 km de Vitória da Conquista.

Nesta sexta-feira (30), mais um cigano suspeito de envolvimento na morte dos PMs foi morto em confronto com a polícia na cidade de Anagé. Ele foi identificado como Lindomar da Silva Matos, de 17 anos, segundo informações do Instituto Cigano do Brasil (ICB). A 10ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Conquista), no entanto, não confirmou se há parentesco entre ele e as outras vítimas que morreram em confrontos com policiais.

Aonde as mortes aconteceram?

A morte dos dois policiais militares aconteceu no distrito de José Gonçalves, na zona rural de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.

Já os assassinatos dos ciganos ocorreram em municípios diferentes do sudoeste baiano. São eles: Vitória da Conquista, Itiruçu e Anagé.

Quem matou os policiais?

A Delegacia de Homicídios de Vitória da Conquista apurou que o crime contra os policiais foi cometido por dez pessoas: um pai e nove filhos.

O que os PMs faziam quando foram mortos?

Segundo a Polícia Civil, eles estavam realizando diligências na região quando foram cercados por homens armados e atingidos por disparos de arma de fogo.

Quem já foi preso?

Um homem identificado como sendo pai dos suspeitos, e que também teria participado da ação, está preso. Ele foi baleado em uma ação policial no mês de julho, está custodiado no Hospital de Base da cidade e já teve prisão preventiva decretada.

O que diz a SSP-BA sobre o caso?

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que pauta suas ações dentro da legalidade e, neste contexto, está adotando todas as medidas para elucidar os assassinatos do soldado Robson Brito Marques e do tenente Luciano Libarino Neves, mortos em serviço, em Vitória da Conquista.

A pasta disse ainda que não compactua com excessos e que está à disposição para recepcionar qualquer tipo de denúncia sobre má conduta policial por meio das Corregedorias, Ouvidorias e também do Disque Denúncia da SSP-BA, através do 181.

Por determinação da SSP-BA, todas as resistências ocorridas contra ciganos após a morte dos policiais estão sendo acompanhadas pela Corregedoria da PM.

O que diz o ICB?

O Instituto de Ciganos do Brasil (ICB) emitiu uma nota pedindo intervenção do poder público, em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, após a morte de dois policiais. A comunidade vem sofrendo represálias desde então.

Por meio de nota, o ICB disse que a comunidade está sendo “caçada como animais pelas milícias da Bahia”. Disse ainda que não compactua com atos ilícitos de pessoas que cometem ilegalidades, e que o ICB respeita os órgãos de segurança, que trabalham dentro da lei.

Ainda em nota, o instituto declarou que repudia os canais de informação que estão generalizando atos ilícitos pessoais, e associando esses crimes com as comunidades ciganas. O ICB avalia que esse comportamento está contribuindo e excitando a violência contra a população.

A nota foi assinada por mais de 60 líderes ciganos, autoridades do poder público, presidentes de associações de todo o Brasil.

O documento foi direcionado para o governo da Bahia, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público da Bahia (MP-BA), as Comissões de Direitos Humanos do Senado e da Câmara Federal e a Organização das Nações Unidas.

Fonte: G1