O Ministério Público do Trabalho (MPT) apura um caso de suposto assédio eleitoral praticado por um empresário do setor agro no oeste da Bahia.
Segundo a denúncia, ele obrigou funcionárias a votarem em um candidato específico, que não foi revelado pelo Ministério Público, e as orientou que colocassem o celular no sutiã para filmar o voto na urna eletrônia e comprovar que votaram conforme sua imposição numa ‘auditoria’ feita pelo patrão.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proíbe o acesso à cabine da urna eletrônica com objetos como celular ou armas de fogo. Somente é permitida a famosa cola ou santinho com os números de cada candidato.
De acordo com o MPT, o órgão instaurou inquérito na segunda-feira (17) e deu dois dias para manifestação da defesa do ruralista.
Foi identificada a circulação de áudios em redes sociais nos quais ele confessa uma série de atos ilegais envolvendo a coerção de trabalhadores a votar em determinado candidato à Presidência. Ouça aqui.
O empresário também é apontado como autor de áudio compartilhado largamente em redes sociais no qual conclama empregadores a “pôr para fora” quem não votar no candidato determinado, prática ilegal que ele confessa no áudio ter praticado.
O MPT informa, sem especificar as medidas, que expediu recomendação para que ele imediatamente se abstenha de manter ou reiterar as práticas ilegais.
Somente no Oeste da Bahia, é o segundo caso do tipo investigado pelo Ministério Público do Trabalho nas atuais eleições. Outros seis casos também estão sob análise do órgão, que contabiliza somente na Bahia nove denúncias de assédio eleitoral.
De acordo com o MPT, no país esse número atingiu, na terça-feira (18), a marca de 419 casos, em um volume muito maior do que na última eleição presidencial, que ficou em 212.
No Brasil, 16 dias após a realização do primeiro turno das eleições gerais de 2022, em 2 de outubro, as denúncias de assédio eleitoral dentro de empresas cresceram 857,7%. Até o dia 2, eram 45 informações de ilícitos ao Ministério Público do Trabalho. Hoje, a quantidade chega a 431.
Procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira afirmou em coletiva realizada na sede do TSE que a temática é preocupante e os números batem todos os recordes já registrados.
“Para se ter uma ideia, em 2018, foram 212 denúncias envolvendo 98 empresas. Em 2022, duas semanas antes do segundo turno, nós estamos já com 431 denúncias envolvendo mais de 400 empresas. A tendência de alta é evidenciada”, ressaltou Ramos.
Para o PGT, a banalização do que é ilícito contribuiu para esse aumento exponencial. “Empregadores oferecem bônus para os empregados em suas folhas de pagamento por apoiar determinado candidato. E isso não é só em uma empresa. Precisamos combater o assédio eleitoral”, alertou.
Por BNews