Cinco dos nove seguranças da Universidade Federal de Feira de Santana (Uefs), a 100 km de Salvador, suspeitos de agredir com pontapés e socos um aluno do segundo semestre de biologia da instituição foram afastados. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (17) pela universidade.

A situação aconteceu após o aluno pular o muro do campus, para usar a internet da instituição.


“Não se trata aqui de punições antecipadas ou qualquer violação dos princípios do contraditório ou da presunção de inocência, pois os vigilantes já afastados terão a oportunidade de se manifestar na sindicância a ser instaurada pela Uefs ou também na esfera criminal”, disse o reitor Evandro do Nascimento.

O reitor afirmou, ainda, que o afastamento dos cinco (os que foram identificados pela Uefs) se fez necessário não apenas como trâmite administrativo, mas também – e principalmente – como um posicionamento da instituição diante de atos de violência ou qualquer possibilidade de crimes de racismo e homofobia dentro e fora dos muros da instituição.

A chefe de gabinete Taise Bonfim informou que o processo de sindicância será instaurado e que a Uefs também acompanhará de perto os desdobramentos das investigações da polícia.

De acordo com a Uefs, antes das decisões tomadas, foram feitas reuniões com o aluno, a mãe dele, estudantes, sindicato e a empresa terceirizada responsável pelos vigilantes.

Caso

Segundo a Polícia Civil, o estudante relatou que, na manhã de sábado (12), saiu de uma festa no Conjunto Feira VI, ao lado da Uefs, e tentou entrar no campus para usar a internet e pedir um transporte por aplicativo.

O universitário contou que chegou no portão lateral da Uefs e contou a situação para os seguranças. Na ocasião, informou o nome completo, disse que cursava biologia e deu o número da matrícula, mas foi impedido de entrar no local.

Segundo o jovem, que não teve nome divulgado, os seguranças responderam que apenas estudantes residentes poderiam entrar na instituição naquele horário. Foi após a negativa que ele tentou pular o muro do campus, para não ficar na rua, e foi imobilizado.

O estudante disse ter sido agredido com pontapés e socos por oito homens, enquanto um o mantinha imóvel. Ele detalhou que foi chamado por termos pejorativos e de cunho homofóbico.

O estudante registrou boletim de ocorrência em uma delegacia e realizou exames de corpo de delito. Existe a previsão de que ele seja ouvido pela Ouvidoria da Uefs nesta quarta-feira (16).

Em nota, a Uefs informou que repudia o ato de violência e que cabe a instituição iniciar os trâmites de apuração na esfera administrativa.

“Seja quais forem as condutas inadequadas ou crimes apontados após os devidos processos de investigação, não há o que se falar de impunidade, nem nada do gênero”, afirmou a Uefs em nota.

O reitor da universidade, Evandro Nascimento, também se pronunciou sobre o caso. Ele disse que o estudante foi acolhido através do núcleo de atenção psicopedagógica e orientado para tomar as medidas cabíveis, no aspecto jurídico e criminal.

“Temos interesse em apurar de forma rápida esse caso, por isso estamos constituindo uma comissão de sindicância para apurar o fato. Identificadas as responsabilidades, vamos proceder às medidas cabíveis dentro dos mecanismos legais que temos na instituição”, afirmou.

“Como a universidade, que é um espaço de promoção de direitos e desenvolvimento das pessoas, não cabem atitudes racistas, homofóbicas ou qualquer tipo de agressão”, complementou o reitor.

Na manhã de quarta-feira (16), estudantes protestaram por segurança na frente do gabinete do reitor Evandro do Nascimento.

Fonte: G1

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