Ao menos cinco policiais são investigados pelo assassinato de indígenas no sul da Bahia. O Ministério Público Federal (MPF) e as defensorias públicas da Bahia e da União afirmam, em denúncia, que “uma milícia armada composta por policiais militares” está envolvida na morte de três indígenas pataxós no estado. As informações são do portal UOL.
As investigações indicam que esses PMs intercalavam o trabalho na segurança pública do estado com a segurança privada de fazendeiros. Os órgãos pediram providências ao governo da Bahia em nota publicada após o assassinato da pajé Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, no dia 21 de janeiro.
Além disso, eles são suspeitos de assassinar um um jovem em setembro de 2022 e outros dois em janeiro de 2023. São eles:
- Gustavo Conceição (14 anos) – morto em 4 de setembro de 2022
- Nawir Brito de Jesus (17 anos) – morto em 18 de janeiro de 2023
- Samuel Cristiano do Amor Divino (25 anos) – morto em 18 de janeiro de 2023
NÚMERO DE ASSASSINATOS
Nos últimos cinco anos, a Bahia teve pelo menos 19 assassinatos de indígenas, mas nenhum autor foi condenado até o momento. Na manhã da última quinta (8), moradores de aldeias pataxós fizeram um protesto por justiça na BR-101, próximo a Camacan, no sul do estado.
Os dados são do relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O documento aponta que o número de assassinatos cresceu a cada ano, durante o governo Bolsonaro: uma morte em 2019, cinco em 2020, seis em 2021 e sete em 2022.
O relatório do Cimi também aponta espancamentos, ameaças e outras agressões por parte dos PMs. Os policiais já denunciados estavam de folga durante os assassinatos, segundo o MPF-BA. Mas indígenas também criticam a atuação da PM em serviço.
Em 2023, foram mais sete homicídios só de janeiro a setembro. Nesse período, segundo a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), o distrito sanitário da Bahia registrou três mortes de indígenas por arma de fogo, duas por arma branca e duas por enforcamento.
Segundo o UOL, os números de 2023 ainda não estão fechados. Eles não contam, por exemplo, a morte do cacique Lucas Pataxó, assassinado a tiros em dezembro do ano passado, em uma emboscada, por homens de moto ainda não identificados.
PM LÍDER EM ASSASSINATOS
A Polícia Militar da Bahia (PMBA) contabiliza a maior parte dos assassinatos no país. De acordo com a edição mais recente do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os militares mataram 1.464 pessoas em 2022, seja durante serviço ou de folga.
Só nos últimos cinco anos, o estado registrou pelo menos 19 assassinatos de indígenas, contudo, nenhum suspeito recebeu condenação pelos crimes.
Fonte: Bahia Notícias