A manifestação convocada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (30), em Brasília, expôs a dificuldade da militância em manter fôlego após sua condenação definitiva. Apenas cerca de 130 pessoas se reuniram em frente ao Museu Nacional da República, um público muito inferior ao esperado. O ato, previsto para durar até as 17h, foi encerrado antes das 16h, esvaziado e sem a presença das principais lideranças políticas.
O encontro tinha como bandeira central a defesa da anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e a exigência de liberdade para Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado. A condenação se tornou definitiva na última terça-feira (25), após conclusão do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista à Rádio Itatiaia, Deusélis Filho, que liderou o ato, atribuiu o esvaziamento a um suposto “amedrontamento” dos apoiadores. Ele garantiu que as mobilizações continuarão: “No dia 7 haverá um ato em São Paulo, depois outro em Brasília e também em Recife. Vamos percorrer o país para que as pessoas percam o medo. Continuaremos até que a anistia seja aprovada.”
No carro de som, outros oradores repetiram a narrativa de perseguição e minimizaram o público reduzido. O ex-diretor da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do governo Bolsonaro, Edu, afirmou: “Se somos poucos, não importa, pois o foco é lutar pela liberdade dos presos políticos”. Ele também recorreu a uma analogia religiosa: “Jesus começou com 12 seguidores, e um o traiu.”
Presença política discreta e ataques ao STF
A participação de autoridades políticas também foi limitada. Entre figuras com mandato, apenas o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) e a vereadora Flávia Berthier (PL-MA) compareceram. Mesmo ausente, o senador Izalci Lucas (PL-DF) teve sua imagem projetada em um dos carros de som.
As críticas mais duras miraram novamente o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que transformou a prisão de Bolsonaro de preventiva em definitiva. A detenção inicial foi decretada após Moraes concluir que o ex-presidente havia tentado fugir ao violar a tornozeleira eletrônica. A defesa alegou que Bolsonaro estava “desorientado” devido ao uso de um novo medicamento, argumento rejeitado pela Corte.
O ato deste domingo, porém, terminou refletindo mais a fragilidade da mobilização do que a força da narrativa bolsonarista: um protesto curto, esvaziado e marcado pela insistência em pautas que não têm avançado.





