O autor da facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Adélio Bispo, passou nos últimos dias por um novo exame psiquiátrico que irá definir se ele pode ou não deixar o Presídio Federal de Campo Grande, onde está recluso desde 2018. A análise é conduzida por um perito oficial, que esteve na unidade para avaliar as condições mentais do detento, declarado inimputável pela Justiça.
Os laudos ainda não têm prazo para conclusão devido a entraves processuais. Embora Adélio tenha sido considerado inimputável em 2019, os documentos originais que embasaram a decisão não estão disponíveis para consulta por não terem sido digitalizados. A nova equipe pericial trabalha com trechos da sentença que tratam de sua condição psicológica.
Os especialistas devem responder a três pontos centrais: se Adélio ainda apresenta transtorno mental que justifique a manutenção da medida de segurança; se oferece risco para si ou para terceiros; e, caso positivo, em quanto tempo deve ser reavaliado.
Mesmo com quadro médico considerado estável, servidores do sistema prisional relatam deterioração de sua saúde mental ao longo dos anos. Segundo agentes, Adélio vive completamente isolado, sem conhecimento de acontecimentos externos, incluindo a condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro.
A Polícia Federal reafirmou, em duas investigações, que ele agiu sozinho ao atacar Bolsonaro durante ato de campanha em 2018. Movimentos ligados ao ex-presidente, entretanto, questionam essa conclusão.
Adélio tem garantida a permanência no sistema prisional até 2038, quando completará 60 anos, conforme decisão judicial. Ele vive em uma cela de seis metros quadrados, não lê livros e não mantém conversas com outros detentos. Mesmo sendo considerado de alta periculosidade, não há previsão de transferência para outra unidade, e o presídio de Campo Grande segue sendo apontado como o mais adequado para internos com transtornos mentais, apesar das limitações estruturais.





