A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) visitou, nesta quinta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde ele permanece preso. O encontro foi o primeiro desde a crise envolvendo Michelle e os filhos do ex-presidente, que resultou na suspensão da aliança do PL com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará e no fortalecimento da posição da ex-primeira-dama nas decisões internas do partido.
Michelle chegou ao local acompanhada da filha, Laura, segurando uma Bíblia, e deixou o prédio sem falar com a imprensa. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) não compareceu, apesar de ter autorização. Ele havia solicitado trocar o dia da visita por conta de seu aniversário, pedido negado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A disputa interna teve desdobramentos imediatos. Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do ex-presidente, pediu desculpas públicas à madrasta após determinação do pai. Bolsonaro decidiu que seus herdeiros deverão alinhar previamente com Michelle quaisquer posicionamentos políticos antes de torná-los públicos. A medida frustrou lideranças do Centrão que esperavam uma redução da influência da ex-primeira-dama no partido.
Partidos como PP, União Brasil e Republicanos, que acreditavam que Michelle perderia espaço após o episódio, apostavam em alternativas para a vice em 2026, cargo para o qual nomes como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) são considerados. Esses grupos apontavam dificuldades de diálogo com Michelle e melhor trânsito com os filhos de Bolsonaro.
Reconciliação marcada por choro e oração
A reconciliação entre Michelle e Flávio ocorreu horas antes da visita dela a Bolsonaro. Durante encontro na sede da PF, Flávio pediu desculpas e afirmou que ambos rezaram e se abraçaram. Ele relatou ter ouvido da madrasta que não gostaria de ser novamente desautorizada publicamente pelos filhos do ex-presidente.
Michelle aproveitou o momento para tratar do cenário político no Ceará. Ela comunicou que transferirá suas agendas do PL Mulher no estado para a deputada Priscila Costa (CE), sua aliada e vice-presidente da ala feminina da sigla. Priscila é apoiada por Michelle como candidata ao Senado em 2026. A decisão contraria setores locais do partido, que defendem a deputada como potencial puxadora de votos para a Câmara.
PL suspende articulação com Ciro Gomes
Após o conflito público, o PL suspendeu a articulação que buscava unir bolsonaristas à possível candidatura de Ciro Gomes ao governo do Ceará. A decisão, tomada em reunião em Brasília, foi confirmada por Jair Bolsonaro durante encontro com Flávio. O deputado André Fernandes (CE), que comandava as negociações, anunciou a suspensão e disse que o partido buscará outro nome para disputar o governo estadual.
Fernandes afirmou que continuará trabalhando para construir uma alternativa ao PT no estado, mas que acatará a decisão do diretório nacional.
Flávio Bolsonaro declarou que o impasse interno está superado. Ele afirmou que Michelle seguirá participando do núcleo decisório do partido e que suas posições continuarão sendo levadas em conta, desde que alinhadas ao grupo e com aval do ex-presidente.
“O que houve foi um ruído de comunicação”, resumiu Flávio.





