BRASIL

Greve dos caminhoneiros é enterrada e fica só na internet

A greve dos caminhoneiros marcada para esta quinta-feira (4) não se concretizou. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nenhuma rodovia federal registrou bloqueios, interdições ou qualquer tipo de paralisação até o início da tarde, e o fluxo de veículos segue normal em todo o país.

A mobilização havia sido anunciada por lideranças dissidentes por meio de vídeos divulgados nas redes sociais. As publicações prometiam paralisações em diversas regiões do Brasil, com foco especial no Sudeste. Entre os nomes que apoiaram a convocação estava o desembargador aposentado Sebastião Coelho, que apareceu em gravações conclamando motoristas a cruzarem os braços.

Coelho, que hoje atua como advogado, foi detido após insultar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento que acolheu a denúncia por tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e teve seus sigilos quebrados sob suspeita de apoiar mobilizações antidemocráticas enquanto integrava o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF).

Entidades do setor rejeitam movimento

Organizações representativas do transporte rodoviário, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), divulgaram notas afirmando que não convocaram nenhuma greve. As entidades repudiaram o uso de seus nomes em publicações online e alertaram para tentativas de manipulação política da categoria.

Nos comentários de vídeos que anunciavam a paralisação, caminhoneiros criticaram a ausência de uma pauta definida e expressaram preocupação de que o movimento pudesse ser utilizado como instrumento político. Lideranças regionais também se posicionaram contra bloqueios e reforçaram que não apoiariam ações capazes de afetar a circulação de cargas e passageiros.

Boatos e vídeos antigos alimentam falsa percepção de paralisação

O episódio foi acompanhado pela circulação de boatos e conteúdos enganosos. Vídeos e imagens antigos de protestos foram compartilhados como se fossem registros atuais para sugerir que o país estaria parado. Plataformas de checagem identificaram como falsas diversas mensagens que falavam em uma “greve geral” de caminhoneiros em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sem adesão nas estradas e sem apoio institucional, a convocação desta quinta-feira se manteve restrita ao ambiente virtual. A chamada “greve nacional” acabou concentrada nas redes sociais, sem reflexo no tráfego das rodovias federais.

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