O presidente Jair Bolsonaro afirmou, por meio de uma rede social, que as notícias de que ele faria um churrasco neste sábado (9) no Palácio da Alvorada são “fake” e chamou de “idiotas” jornalistas que o criticaram por organizar a festa em meio ao aumento de mortes pelo coronavírus no Brasil – na sexta, o país ultrapassou a marca de dez mil mortes pela doença.
Na quinta-feira (7), Bolsonaro afirmou a jornalistas, em frente ao Alvorada, que faria um churrasco neste sábado que contaria com “uns 30” convidados, entre eles o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário. De acordo com o presidente, uma “vaquinha” estava sendo feita para pagar pelos custos da festa.
“Eu convidei o garoto da CGU [Wagner Rosário], tô cometendo um crime, vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa e convidei aí o Wagner, o ministro da CGU, vai trazer o filho dele de 13 anos, falei que ele não olhe pra Laura se não o bicho vai pegar, tá certo? E vamos bater um papo aqui, quem sabe fazer uma peladinha com alguns ministros, alguns servidores mais humildes estão ao meu lado, ok?”, afirmou Bolsonaro na quinta.
“Deve ser uns 30 aí [convidados]. Inclusive, vai ter vaquinha, 70 reais, não vai ter bebida alcoólica, se não a primeira-dama aí bota tudo pra correr, Ok?”, completou o presidente.
Bolsonaro passou a sofrer críticas por anunciar um churrasco, com aglomeração de pessoas, o que contraria a orientação de autoridades da área de saúde, que defendem o isolamento social como medida para conter o avanço da doença no país.
O anúncio de Bolsonaro também ocorre num momento em que aumentam as mortes por covid-19 no Brasil. Na sexta, o país ultrapassou a marca de dez mil mortes pela doença.
Na sexta (8), diante de apoiadores que estavam em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente ironizou as notícias de que ele faria o churrasco. Apoiadores perguntaram a Bolsonaro se não seriam convidados para a festa, e o presidente respondeu:
“Churrasco, só tô convidando a imprensa. Já tem 180 convidados. Já tem 180 convidados”, disse Bolsonaro, em tom irônico.
“Setecentas pessoas, confirmou aqui. Tá todo mundo convidado aqui. Oitocentas pessoas no churrasco. Tem mais um pessoal de onde? Mais o pessoal de Águas Lindas (GO). Novecentas pessoas no churrasco amanhã”, continuou o presidente.
Já no final da manhã deste sábado, por meio de uma rede social, o presidente afirmou que jornalistas “idiotas” estavam criticando “churrasco fake”, ou seja, falso. Ele também criticou o Movimento Brasil Livre (MBL), que entrou na Justiça para impedir que Bolsonaro fizesse o churrasco.
“Alguns jornalistas idiotas criticaram o churrasco FAKE, mas o MBL se superou, entrou com AÇÃO NA JUSTIÇA”, diz a mensagem do presidente publicada em rede social.
Na ação em que questiona o churrasco de Bolsonaro, o advogado do MBL, Tiago Pavinatto, afirma que, “mesmo sem afrontar a lei”, o presidente “excede manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes e as finalidades sociais e econômicas que podem existir neste ato”.
Bolsonaro vem recebendo críticas por desrespeitar as orientações de isolamento social, defendidas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio Ministério da Saúde como medida para evitar a disseminação do coronavírus.
Durante a pandemia, ele já fez passeios por cidades satélites de Brasília e também participou de atos em defesa do governo e de medidas antidemocráticas. Nessas oportunidades, causou aglomeração de pessoas e também cumprimentou apoiadores.
Depois que membros de sua equipe, entre eles ministros, testaram positivo para o coronavírus, Bolsonaro realizou ao menos dois exames para verificar se também havia contraído a covid-19. O presidente diz que os dois deram resultado negativo, mas se nega a mostrar os laudos dos exames.
Atendendo a pedido do jornal “O Estado de S. Paulo”, a Justiça chegou a determinar que o presidente mostrasse os exames, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a decisão.
O presidente também fez diversas declarações em que minimiza a gravidade da pandemia. Bolsonaro já disse que a covid-19 é “uma gripezinha” e, mais recentemente, ao ser questionado sobre o aumento das mortes pela doença no Brasil, o presidente respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”
Fonte: G1