O possível uso de informações privilegiadas para lucrar com ações da Petrobras prejudica a imagem da empresa e cria um escândalo diante da atual recessão, avalia economista ouvida pelo MyNews.

Horas após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fazer uma reunião com ministros em que possivelmente antecipou sua intenção de trocar o comando da Petrobras, um investidor adquiriu duas opções de compra de ações da Petrobras na contramão do mercado. Apostando em uma queda de ao menos 8% nas ações da companhia, as ações compradas por R$ 160 mil reais podem ter rendido a seus donos até R$ 18 milhões. A informação foi revelada inicialmente pelo jornal O Globo.

Após a divulgação da notícia, congressistas encaminharam ofícios para que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável por regular o mercado de ações, investigue o episódio.

Em entrevista ao Almoço do MyNews, a economista e professora do Insper Juliana Inhasz avalia que a movimentação não aparenta ter sido uma “aposta inocente”, mas sim o resultado do vazamento de alguma informação para “investidores qualificados”.

“Isso escandaliza todo mundo, porque a gente tem uma economia que está totalmente desestruturada, uma economia que decresceu mais de 4% no ano passado. Mas isso já aconteceu em outros governos, a diferença é que hoje tem mais gente aplicando e a informação circula muito mais rápido. Hoje esses casos ficam muito mais evidentes”, diz Inhasz.

A professora destaca que, se confirmada a fraude, o episódio é uma transferência de renda “extremamente cruel”. “Você está possibilitando que pessoas no mercado que tem uma informação privilegiada consigam encher ainda mais seu patrimônio em cima da boa fé de pessoas que acreditam que o sistema é idôneo”.

A corretora que realizou a movimentação agora sob os holofotes, a Tullet Prebon, não retornou contato do MyNews.

Fonte: Canalmynews