O marido de Mariane Kelly dos Santos, 35, encontrada morta há duas semanas em Navegantes, foi quem planejou e ordenou o assassinato da mulher. A informação foi dada pelo delegado de Itajaí, Sérgio Sousa, nesta quinta-feira (22), durante uma coletiva de imprensa.
Conforme a Polícia Civil, a investigação ainda não foi concluída, mas todos os envolvidos já foram identificados e o pastor teria sido o responsável por “orquestrar o crime”.
De acordo com a Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Itajaí, o homicídio foi planejado em conjunto com a amante do marido de Mariane. Ambos queriam, segundo o delegado, ficar juntos sem a interferência da atual esposa. O casal ainda almejava ficar com os bens, pertences e dinheiro da vítima. O corpo de Mariane foi encontrado por pescadores completamente esfaqueado e com as mãos amarradas no Rio Itajaí-Açu, no último dia 9.
O delegado da DIC de Itajaí, Sérgio Sousa, afirma que tanto a amante quanto o genro dela (suposto autor do assassinato) deram detalhes de como o crime aconteceu e como ele foi planejado previamente. Ainda de acordo com o delegado, o marido da vítima nega a participação.
— O crime foi praticado por quatro pessoas, sendo três maiores de idade. O mentor intelectual e coordenador foi o marido da vítima. Ele juntamente com a amante, uma vizinha, orquestrou o crime com o objetivo de ficarem juntos e manter a relação sem a presença da Mariane. Eles também queriam os bens dela… Casa, valores, pertences — afirma o delegado.
O crime
O delegado explica que na noite do assassinato, dia 8 de abril, a vítima contou a uma colega de trabalho que o marido iria buscá-la, por volta das 19h, momento em que Mariane sairia do trabalho. No entanto, uma mensagem enviada por ele momentos antes de ela desaparecer perguntava se Mariane iria para casa de Uber, segundo a polícia.
Naquela noite, conforme explicou o delegado, a amante do marido da vítima e o genro dela, foram buscar Mariane. De acordo com a polícia, elas eram amigas próximas e também vizinhas. A vítima teria sentado no banco do passageiro e o genro da amante estaria no banco de trás, junto com um sobrinho.
Segundo a polícia, teria sido o genro o responsável por golpear Mariane no momento em que ela entra no carro. Ele, também, teria a esfaqueado até a morte. De acordo com o delegado, foram 27 golpes de faca na região do rosto e do pescoço.
— Eles acertaram com o genro da amante um valor para a execução. Um sobrinho também tinha a promessa de receber valores. O casal, no caso o marido e a amante, contrataram os dois com esse objetivo — explica o delegado Sérgio.
Ainda segundo a polícia, o genro da amante receberia R$ 2,5 mil por cometer o crime planejado pelo marido da vítima e pela amante. Após assassinarem Mariane, a amante e o genro teriam ido até Navegantes, amarrado o corpo e o jogado no Rio Itajaí-Açu, como tentativa de ocultar o crime. A caminho de casa eles teriam jogado a bolsa da vítima pela janela.
— A execução aconteceu toda dentro do carro e durante o percurso [até Navegantes]. O genro no banco de trás estava golpeando, por isso que a maioria das lesões são no mesmo sentido — relata o delegado.
Os dois voltaram para Itajaí e continuam a vida normalmente. No dia seguinte, com a repercussão do caso, eles teriam voltado a Navegantes na tentativa de se livrar do carro onde o crime aconteceu, deixaram o veículo na cidade e retornam a Itajaí.
Conforme a polícia, ao voltarem para Itajaí, já sabendo da repercussão e dos trabalhos de busca, decidiram fugir. A amante do marido e o genro dela pegaram um ônibus com destino a São Paulo e outro com destino a Recife (PE). Os dois suspeitos foram encontrados e capturados por policiais civis de Pernambuco.
O marido de Mariane estava escondido na casa de um outro pastor, no bairro Cordeiros, de acordo com o delegado. No depoimento ele nega ter participado do crime. Ainda de acordo com o delegado, o marido estava em casa acompanhando uma obra no momento em que a amante foi buscar a esposa.
No entanto, diz a polícia, ele sabia o que iria acontecer com a esposa.
— Ele apresentava frieza extrema e era dissimulado — disse o delegado.
Além das três pessoas, o jovem, sobrinho da amante, menor de idade, também está sendo investigado por participação no crime. Ele também receberia o valor de R$ 2,5 mil. Segundo o delegado, o adolescente é envolvido com tráfico de drogas e facção criminosa. Ele ainda não foi encontrado.
Relembre o caso
O corpo de Mariane foi encontrado no dia 9 de abril no Rio Itajaí-Açu, em Navegantes. A mulher trabalhava em uma cafeteria de Itajaí e saiu do serviço na quinta-feira (8), no começo da noite. Como não chegou em casa, o marido, que é pastor de uma igreja evangélica, pediu ajuda nas redes sociais para encontrá-la, dizendo que a esposa teria desaparecido depois de entrar em um carro de aplicativo. Uma corrente do bem se formou na internet em busca de Mariane e um boletim de ocorrência foi feito.
A angústia durou pouco menos de 24 horas, mas foi substituída pela perplexidade. No início da tarde do dia seguinte, um pescador encontrou o corpo de Mariane boiando no rio, próximo à Rua Manoel Evaldo Muller, em Navegantes. A Polícia Militar e o Instituto Geral de Perícias foram acionados.
Fonte: NSC