O ex-ministro Antonio Palocci fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF). A informação foi divulgada pelo jornal “O Globo” desta quarta-feira (26).
O ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff já teria inclusive prestado depoimentos à PF, segundo “O Globo”. A negociação ocorreu em sigilo.
Anteriormente, Palocci tinha tentado fechar um acordo com o Ministério Público Federal (MPF), mas sem sucesso.
O acordo de delação premiada de Palocci ainda não foi homologado pela Justiça. De acordo com o “O Globo”, os anexos da colaboração não são conhecidos.
Os termos de benefícios, ainda conforme o jornal, estão definidos, mas, da mesma forma, são desconhecidos porque foram firmados em sigilo.
O advogado Adriano Bretas, que defende o ex-ministro, afirmou que não vai se manifestar.
A prisão
Preso desde setembro de 2016, Antonio Palocci foi condenado a 12 anos e dois meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-ministro está detido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O juiz Sérgio Moro entendeu que o ex-ministro negociou propinas com a Odebrecht, que foi beneficiada em contratos com a Petrobras.
Neste mês de abril, por 7 votos a 4, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram manter na cadeia o ex-ministro.
Palocci responde a mais uma ação penal na 13ª Vara de Curitiba.
Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo que apura a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP) e de um terreno onde seria construída uma nova sede para o Instituto Lula em São Paulo.
Depoimentos a Moro
Em abril de 2017, ao ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro, Palocci se colocou à disposição para apresentar “fatos com nomes, endereços e operações realizadas” que, de acordo com o ex-ministro à época, devem render mais um ano de trabalho para a força-tarefa da Lava Jato.
Em setembro, Antonio Palocci afirmou para o Moro que o ex-presidente Lula tinha um “pacto de sangue” com Emilio Odebrecht que envolvia um “pacote de propina”.
Na ocasião, o ex-ministro afirmou que as propinas foram pagas pela Odebrecht para agentes públicos “em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, de caixa um, caixa dois”.
Palocci admitiu ser o Italiano – codinome usado pelo setor de propina da Odebrecht em uma planilha de vantagens indevidas.
O ex-ministro disse também que “em algumas oportunidades” se reuniu com Lula “no sentido de criar obstáculos para a Lava Jato”.
À época, aos advogados que representam o ex-presidente Lula afirmaram que Palocci fez “acusações falsas e sem provas”. O G1 tenta um novo contato com a defesa de Lula nesta quarta-feira.