A Paquetá Calçados, empresa que durante duas décadas foi um pilar econômico para a cidade, confirmou oficialmente nesta quinta-feira (14) o encerramento de suas atividades em Ipirá. A decisão, atribuída a “dificuldades financeiras que comprometeram sua capacidade produtiva”, deixa um impacto significativo na comunidade local.
“Lamentamos muito, mas teremos que realizar o desligamento de todos os colaboradores e, para
evitar esperas e maiores transtornos, vamos chamá-los à empresa conforme nossa capacidade de atendimento“, diz o comunicado da empresa aos funcionários.
Localizada estrategicamente às margens da BA-052, a Paquetá não apenas produzia calçados, mas também era responsável pela fabricação de calçados de renomadas marcas internacionais, tais como Adidas, Puma, Asics, entre outras. O fechamento da unidade, além de representar uma perda para o município, traz consigo desafios sociais e econômicos para a população local que historicamente sofre com falta de emprego e renda.
Ao longo das duas últimas décadas, a empresa se consolidou como uma importante fonte de emprego, contribuindo significativamente para o sustento de milhares de famílias de Ipirá. O encerramento das atividades, portanto, não apenas representa uma perda de postos de trabalho, mas também acende um sinal de alerta sobre os desafios enfrentados pelo setor industrial local.
A calçadista funcionava em uma planta cedida pelo estado. Há a expectativa pelo aproveitamento dos galpões para instalação de outra indústria. Entretanto, ainda não há nenhuma confirmação a respeito.
A crise na Paquetá
A Paquetá é um grupo empresarial gaúcho com sede na cidade de Sapiranga (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre, e quase 80 anos de atuação no ramo de couro e calçados.
O grupo possui 11 indústrias, localizadas no Rio Grande do Sul, na Bahia e no Ceará, e empregava cerca de 7,2 mil trabalhadores, sendo cerca de 1.250 postos de trabalho na unidade de Ipirá.
As duas principais marcas do grupo, que conta com mais de 200 lojas, entre próprias e franqueadas, são Capodarte e Ortopé.
Em junho de 2019, a Paquetá ingressou na Justiça com um processo de recuperação judicial sob a justificativa de acumular, à época, uma dívida de R$ 638,5 milhões.
A prática é uma tentativa de recuperar a atividade produtiva evitando mais fechamentos, novas demissões e não pagamento de credores.
A recuperação judicial, medida que serve para que uma empresa em dificuldade financeira possa superar a crise, foi instituída no Brasil em 2005 pela lei 11.101 em substituição à antiga Lei das Concordatas, de 1945.
Diante da crise, a empresa colocou parte dos funcionários no sistema de lay-off, que terminou novembro.
A mpresa não deposita o FGTS dos empregados há pelo menos quatro anos e não cumpre o Acordo Coletivo de Trabalho.