ECONOMIA

Com inflação em 11,73%, Bolsonaro pede que supermercados cortem margem de lucro na cesta básica

O presidente Jair Bolsonaro pediu nesta quinta-feira (9) que empresários do ramo de alimentos diminuam a margem de lucro na produção e na venda de produtos da cesta básica.

Segundo Bolsonaro, pré-candidato à reeleição em outubro, essa seria uma forma de ajudar a combater os altos índices de inflação no país.

Nesta quinta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA, considerado a inflação oficial do país, desacelerou para 0,47% em maio, após alta de 1,06% em abril. O acumulado em 12 meses é de 11,73%.

“Nós devemos em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaborarmos. Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes”, afirmou o presidente.

Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, participaram por videoconferência de um fórum promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O presidente está nos Estados Unidos, onde participa da Cúpula das Américas.

O presidente afirmou que produtos da cesta básica como óleo de soja, ovos, leite, açúcar e café são vilões do aumento da cesta básica.

“Esse é o apelo que eu faço aos senhores. Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também, os senhores já vêm colaborando dessa forma, mas colaborem um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse apelo que eu faço aos senhores e se for atendido, eu agradeço e muito. E se não for, é porque realmente não é possível”, disse.

Bolsonaro disse esperar que a guerra entre Rússia e Ucrânia “terá o seu ponto final brevemente” e que “pelo o que tudo indica, [a pandemia] já teve praticamente o seu ponto final”.

Pedido já foi feito em 2020

Essa não é a primeira vez que Bolsonaro apela aos donos de supermercado para pedir a redução dos lucros na tentativa de conter a inflação.

Em 2020, quando o Brasil também vivia a escalada de preços de itens básicos como arroz e óleo de soja, Bolsonaro chegou a pedir “patriotismo” dos empresários. Naquele momento, o primeiro ano da pandemia de Covid fez aumentar a procura nos supermercados pelos alimentos básicos, porque os consumidores deixaram de fazer refeições em bares e restaurantes.

“Estamos conversando, estou pedindo um sacrifício, um patriotismo, para os grandes donos de supermercados, para manter o preço na menor margem de lucro”, declarou em 2020.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, chegou a acionar o setor naquele momento para cobrar explicações sobre a alta dos preços – e disse que eventuais abusos poderiam ser punidos com multa. O órgão, no entanto, não anunciou nenhuma punição efetiva aos supermercados.

Então presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto se reuniu com Bolsonaro para tratar do tema. Na saída, negou que os comércios fossem os vilões da inflação e disse que as margens de lucro da cesta básica sempre foram baixas.

“Nós explicamos ao presidente que já estamos fazendo isso [cortando o lucro]. Nós sempre fizemos, na cesta básica, porque o setor é muito competitivo. A gente não repassa de vez nossos aumentos […] Não vamos ser vilões de uma coisa que não somos responsáveis”, afirmou Neto.

Fonte: G1

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