Embora o miliciano Adriano da Nóbrega tenha sido morto em em uma operação da polícia militar baiana no último domingo (9), os últimos passos dele em solo baiano ainda são alvo de investigação. O Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do estado apura as passagens dele pelos municípios de Mata de São João e Esplanada, onde ele foi capturado. As informações são do Bahia Notícias.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), os agentes visam apurar se houve algum tipo de investimento, compra ou transação que caracterize lavagem de dinheiro ou outro tipo de ato ilícito. Uma reportagem do G1 mostra que, desde que chegou a Bahia, Nóbrega se hospedou em um hotel de luxo, na Costa do Sauípe, e chegou a alugar quatro carros para se esconder em Esplanada.
Depoimentos prestados pelo pecuarista que acolheu ele no seu penúltimo esconderijo, uma fazenda, estão sendo colhidos pelo Draco, bem como os depoimentos das testemunhas. Além disso, detalhes da investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro estão sendo analisados em busca de indícios de ilicitudes cometidas na Bahia.
“Estamos com equipes no terreno e vamos esmiuçar toda a passagem de Adriano pelo território baiano”, contou o diretor do Draco, delegado Marcelo Sansão. Ele ressalta que informações sobre Nóbrega podem ser enviadas, sigilosamente e sem necessidade identificação, através dos telefones 3235-0000 (quem estiver em Salvador) e 181 (denunciantes do interior).
MORTO NA BAHIA
O ex-tenente da Polícia Militar Adriano da Nóbrega foi capturado pelo Bope da PM baiana dentro de um sítio, no município de Esplanada. A SSP-BA chegou até ele após uma colaboração com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, que repassou informações sobre o esconderijo do miliciano. Segundo a secretaria, o plano era capturá-lo com vida, mas ele reagiu e, em meios ao tiroteio, acabou sendo baleado e morreu.
Seu nome é recorrente nos noticiários nacionais pelo envolvimento em dois casos de grande repercussão: a investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e o suposto esquema de rachadinhas operado no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Quanto ao primeiro caso, Nóbrega é citado no inquérito da morte de Marielle e do motorista dela, Anderson Gomes, por ser apontado como chefe do Escritório do Crime, organização criminosa formada por milicianos, que tem pelo menos dois membros diretamente ligados aos homicídios.
Já em relação a Flávio, Nóbrega era suspeito de ser um dos beneficiados com o esquema ilegal no gabinete do parlamentar. Até novembro de 2018, o primogênito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) empregou a mãe e a esposa de Nóbrega e ambas estão entre os servidores que repassavam parte dos salários para o então chefe de gabinete do deputado, o ex-PM Fabrício Queiroz. Além disso, Flávio já fez homenagens e condecorações a Nóbrega, que é acusado de homicídio, entre outros crimes, na tribuna da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).