O Irã ameaçou parar com as importações ao Brasil se a estatal Petrobrás não reabastecer os dois cargueiros da República Islâmica que estão parados há semanas no Paraná por falta de combustível em consequência de sanções impostas pelos Estados Unidos.
Em entrevista à agência Bloomberg, o embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, disse que entrou em contato com as autoridades brasileiras na terça-feira, 23, para informar que seu país pode procurar novos parceiros para comprar milho, soja e carne se as autoridades brasileiras não resolverem a situação, segundo o Estadão.
No primeiro semestre de 2019, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil importou US$ 26 milhões em produtos iranianos. A alta na comparação com o mesmo período de 2018 é de 800%. A ureia, um fertilizante, corresponde a 96% desse valor.
Em troca, o Brasil exportou US$ 1,3 bilhão para o Irã no primeiro semestre deste ano, uma alta de 23,85% na comparação com o mesmo período do ano passado. O principal produto da relação é o milho, responsável por 36% das vendas. A soja vem em seguida com 34%.
“Eu disse para os brasileiros que eles devem resolver essa questão e não os iranianos”, afirmou Saghaeyan em um contato na embaixada na capital brasileira qualificado pela agência de notícias como raro. “Se (a situação) não for solucionada, talvez as autoridades em Teerã desejarão tomar decisões já que (o mercado de produtos agrícolas) é um mercado livre e outros países estão disponíveis.”
Além disso, o embaixador confirmou que seu país considera enviar combustível para os dois navios, mas essa seria uma opção demorada e cara, segundo Saghaeyan. “Países grandes e independentes como Brasil e Irã devem trabalhar juntos sem interferência de terceiros ou de outro país”, finalizou o diplomata.
Dois navios de bandeira iraniana, o MV Bavand e o MV Termeh, estão parados desde o início de junho no Porto de Paranaguá, no Paraná. Os cargueiros trouxeram ureia e voltariam carregados de milho, mas a Petrobrás teme punições americanas e se recusa a abastecer as embarcações, que estão na lista negra do Departamento do Tesouro dos EUA.
Por Bahia Notícias