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Argentinos se despedem do ídolo Maradona em velório na sede do governo

Entre choros e cânticos, milhares de argentinos iniciaram nesta quinta-feira (26) um lento desfile diante do caixão de Diego Maradona, que está sendo velado com honras na Casa Rosada, em um caixão coberto com bandeira argentina e com as camisas da seleção do país e do Boca Juniors com seu número “10”.

Pouco depois das 6h, as portas da sede de governo foram abertas para a entrada dos torcedores, inconsoláveis, que permaneceram durante a noite em vigília na Praça de Maio, com direito a cânticos de despedida a seu ídolo.

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Maradona faleceu aos 60 anos, vítima de uma parada cardíaca.

“Ele é um gênio, ele é o povo, ele é como nós, a vida, o amor”, disse Andrés Quintero, de 42 anos, que viajou duas horas, da cidade de Tigre, para acompanhar o velório.

O início foi marcado por alguns distúrbios entre a multidão e a polícia, após o atraso do início do velório, que prosseguirá até 16h.

A entrada da Casa Rosada está atravessada por uma enorme fita preta, sob a qual alguns fãs entram sem conter as lágrimas.

O velório foi reduzido de três dias para apenas um, a pedido da família.

Centenas de mensagens enviadas por atletas e personalidades políticas de todo mundo refletiram a popularidade internacional do astro argentino.

Lionel Messi e Pelé, outras estrelas mundiais do futebol, encabeçaram uma longa lista de emotivas despedidas a Maradona.

Choros e aplausos 

“Diego, eu te amo para sempre”, gritou um dos primeiros torcedores a entrar na Casa Rosada para se despedir do ídolo.

De acordo com o resultado preliminar da necropsia, ele sofreu uma “insuficiência cardíaca aguda, em um paciente com uma miocardiopatia dilatada, e insuficiência cardíaca congestiva crônica que gerou edema agudo de pulmão”.

“Foi o melhor do mundo, vamos sentir falta e rompeu nossa alma com sua partida”, disse à AFP Diego Armando Cabral, um pedreiro de 29 anos que recebeu o nome em homenagem ao jogador.

Claudia Villafañe, ex-esposa de Maradona e suas duas filhas, Dalma e Gianinna, chegaram antes da meia-noite à sede presidencial para uma despedida íntima.

O presidente argentino, Alberto Fernández, decretou três dias de luto nacional.

Comoção mundial 

A morte provocou uma comoção mundial e as homenagens dominaram Buenos Aires. Milhares de torcedores se reuniram na quarta-feira no bairro da Boca, onde fica a célebre Bombonera, ou no central Obelisco.

No estádio do Boca Juniors, torcedores criaram um santuário com flores e velas.

Torcedores também entraram no estádio Diego Armando Maradona, do Argentinos Juniors, ao noroeste de Buenos Aires, para prestar homenagem ao ídolo. “El Pelusa” estreou neste gramado na primeira divisão aos 15 anos.

O estádio foi iluminado durante a noite.

“Diego é minha vida, você é a alegria do meu coração”, gritou a multidão.

Saúde delicada 

Maradona se recuperava de uma operação para a retirada de um coágulo da cabeça desde 3 de novembro. No dia 11, recebeu alta, mas a saúde do ídolo era delicada, e ele enfrentava uma nova síndrome de abstinência.

Ele estava com problemas de saúde no dia de seu aniversário de 60 anos, em 30 de outubro, quando reapareceu de seu confinamento devido à pandemia no estádio do Gimnasia y Esgrima, equipe que comandava.

Seu advogado, Matías Morla, revelou que Diego enfrentava uma depressão quando o coágulo foi detectado.

“Ele tinha um comportamento diferente, estava muito deprimido e fazia comentários sobre parentes que haviam falecido, que sentia falta deles”, disse.

Morte de causas naturais 

O promotor John Broyard afirmou que a morte do astro do futebol aconteceu ao meio-dia de quarta-feira por causas naturais.

Maradona tinha cinco filhos, duas delas, Dalma e Gianinna, com a ex-esposa Claudia Villafañe. Seus outros filhos, que teve com três mulheres, são Jana, Diego Júnior, e Diego Fernando.

Os excessos e os vícios estão na origem dos problemas de saúde, que o deixaram à beira da morte em várias ocasiões.

Campeão do mundo na Copa do México-1986, Maradona estabeleceu sua lenda nas quartas de final deste Mundial, quando fez um gol com a mão, a famosa “mão de Deus”, e o segundo que é considerado o mais bonito da história dos Mundiais.

Maradona havia superado há alguns anos o vício em drogas pesadas. Mas continuava consumindo bebidas alcoólicas e era medicado com tranquilizantes e ansiolíticos.

Fonte: Agência AFP

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