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Bandeira do Brasil de combatente morto é exibida por rivais: ‘Desrespeito’

A bandeira do Brasil que pertencia ao combatente André Hack Bahi, o primeiro brasileiro aliado das tropas ucranianas morto em combate, apareceu nas mãos de um suposto combatente checheno, que atua ao lado da Rússia no conflito.

Em um vídeo publicado no Twitter, é possível ver a assinatura de André e de outros voluntários do seu pelotão. A bandeira que aparece com o suposto combatente checheno é a mesma exibida por André com outros combatentes brasileiros em foto que viralizou há meses.

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Após falar sobre a realidade da guerra, o suposto combatente checheno mostra a bandeira. “Pegamos de uma legião estrangeira que destruímos. Todos os participantes dessa legião assinaram o nome na bandeira. Alguns foram eliminados. Outros fugiram. Ainda sobraram alguns, mas eles não estão inspirados em continuar lutando”, disse, em tradução legendada para o português no próprio vídeo.

UOL submeteu o vídeo à análise da pesquisadora e jornalista Letícia Oliveira, que investiga grupos armados que atuam na região do Donbass desde 2014. Ela confirmou a veracidade da tradução. “O vídeo é real mesmo. Foi gravado pelo comandante das forças especiais chechenas. É propaganda. Estão fazendo isso para dizer que o moral das tropas ucranianas está baixa”, afirmou.

O tenente Sandro Carvalho da Silva, brasileiro que comanda o pelotão onde estava André, confirmou que a bandeira era mesmo do combatente morto. “Quando foi alvejado, ele deixou cair a mochila dele. O pessoal inclusive tinha assinado. Eu reconheço aquela bandeira”, disse à reportagem.

Morto em 5 de junho, o corpo de André Hack foi cremado no último sábado (2) na Ucrânia. As cinzas serão levadas para o Ceará, onde ele morava com a esposa e a filha de apenas 2 anos.

“Isso é um desrespeito. O André morreu e deu a vida pelos colegas dele. Foi um herói de guerra.”

Brasileiros do mesmo pelotão de André morreram em bombardeio

Com as mortes de Douglas Búrigo e Thalita do Valle, aliados das tropas ucranianas mortos em combate na tarde da última quinta-feira (30) na cidade de Kharkiv, já são três brasileiros mortos na guerra da Ucrânia.

Mísseis russos atingiram o alojamento onde Douglas e Thalita estavam, segundo relato dado pelo comando do pelotão às famílias deles horas após a batalha.

Procurado pelo UOL, o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) não se manifestou sobre o relato das mortes de Douglas e Thalita. O órgão levou quatro dias para confirmar a morte de André. A família de Douglas disse ter sido procurada pela embaixada brasileira na Ucrânia. Contudo, os parentes de Thalita ainda não foram contatados.

Douglas e Thalita integravam o mesmo pelotão de André Hack. Menos de um mês após a morte de André, a unidade volta a enfrentar baixas de combatentes do Brasil.

Thalita do Valle, 39, era atriz, modelo e atiradora de elite. Ela já tinha experiência em conflitos anteriores. Socorrista e com cursos de tiro no Brasil, participou de uma missão contra o Estado Islâmico no Iraque, Curdistão iraquiano e Curdistão Sírio há três anos, conforme registros em seu canal no YouTube.

Ex-militar do Exército brasileiro, Búrigo estava em território ucraniano há apenas um mês. Ele deixou o Brasil ao embarcar em um voo no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) na madrugada de 24 de maio. No dia seguinte, pisou pela primeira vez no país invadido.

Depois de permanecer um período em treinamento, Búrigo foi para o “front” de batalha. Pai de uma jovem de 15 anos, Búrigo era dono de uma borracharia e morava na casa dos pais em São José dos Ausentes, interior do Rio Grande do Sul.

“A família está arrasada e inconformada. O sentimento é de desespero. A gente sabia que isso poderia acontecer, mas não é fácil aceitar. Estamos desorientados, sem saber o que fazer. Ele não era só meu cunhado. Era meu amigo. Servimos juntos no Exército.”

Cunhado de Búrigo, o empresário Carlos dos Reis, 41, diz que a família tentou convencê-lo a não se alistar junto às tropas ucranianas. “Mas não adiantou. A ideia dele era ir à Ucrânia para ajudar na reconstrução do país”, relatou o cunhado ao UOL.

Fonte:UOL

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