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Milton: Passagem do furacão deixa mais de 3 milhões de casas sem energia na Flórida

Mais de um em cada quatro clientes de empresas de energia em todo o estado estavam sem energia até ás 6h.

Um enfraquecido, mas ainda perigoso, furacão Milton atravessou a Flórida nesta quinta-feira, deixando mais de 3 milhões de lares sem eletricidade, segundo o portal especializado poweroutage.us, que rastreia dados do serviço público. No total, mais de um em cada quatro clientes de empresas de energia em todo o estado estavam sem energia até às 6h (7h no horário de Brasília).

Durante a noite foram registados ventos extremos de até 165 km/h, segundo dados do Centro Nacional de Furacões (NHC), que alertou para riscos de inundações. A ventania derrubou as linhas de energia e espalhou entulhos, dificultando os reparos, já que as equipes de enfrentaram um acúmulo de chamadas de assistência.

“Os técnicos de emergência estão agora tentando responder ao acúmulo de chamadas atrasadas. Linhas de energia caídas, detritos e estradas destruídas tornam as condições de direção inseguras”, afirmou o Gabinete de xerife do condado de Hardee nesta quinta-feira, acrescentando: “Por favor, não dirija, é perigoso.”

O condado de Hardee parece ter sido o mais atingido, com 98% dos clientes sem energia. O Gabinete do xerife informou na quarta-feira à noite que Hardee estava “enfrentando quedas de energia generalizadas e escombros caídos”. O xerife também alertou para que os moradores “continuassem abrigados enquanto a tempestade continuasse”.

Na área de Tampa, a chegada do Milton deixou ao menos 70% dos clientes da Tampa Eletric às escuras, segundo a rede CNN, um número “sem precedentes”, como classificou o presidente e CEO da empresa, Archie Collins à rede. O presidente da empresa afirmou que ainda não é possível avaliar a extensão total dos danos à rede elétrica porque ainda não é seguro que as equipes se deslocam.

— Esses foram os ventos mais fortes que acreditamos terem sido registrados no Condado de Hillsborough desde que alguém se lembra — observou Collins, e ponderou: — Acredito que os danos serão significativamente maiores do que os que nossos clientes já sofreram em suas vidas.

Risco de asfixia

Em Manatee, onde mais de 80% das casas ficaram sem energia, as autoridades advertiram contra a instalação de geradores em ambientes fechados devido ao risco de asfixia por monóxido de carbono. “O gás invisível e inodoro pode se acumular em espaços fechados ou parcialmente fechados”, alertou o governo do condado nas redes sociais.

Segundo o jornal New York Times, o envenenamento por monóxido de carbono causou um número de mortes significativas durante a tempestade de inverno no Texas em 2021, que causou quedas de energia generalizadas.

O Milton tocou o solo da Flórida na noite de quarta-feira, classificado como um furacão de categoria 3 — com ventos de 193 km/h — mas já provocava fortes chuvas e uma onda de tornados antes de chegar ao continente. O furacão foi rebaixado para a categoria 1, com ventos de 138 km/h, no começo da manhã desta quinta.

Mortes confirmadas

À medida que o furacão Milton se move para o leste, aproximando-se de Cabo Canaveral, alguns condados no oeste da Flórida começam a avaliar os danos causados pela tempestade e a limpar os destroços provenientes de sua passagem. Autoridades nos condados de Hillsborough e Pasco, na Costa do Golfo (oeste da Flórida), disseram que começaram os esforços de recuperação nesta quinta.

Mortes foram confirmadas em uma comunidade de aposentados na cidade de Fort Pierce. O xerife do no condado de St. Lucie, Keith Pearson, disse à rede americana ABC News que “múltiplas fatalidades” foram registradas no Spanish Lakes Country Club Village, atingido por um tornado provocado pelo Milton antes deste tocar o solo. Ele não detalhou o número de mortos.

Parecia que alguém havia deixado cair um peso do céu e destruído um monte de casas — disse Doug Anderson, morador de Lakewood Park, no condado de St. Lucie, ao jornal Treasure Coast. — Uma das últimas casas que visitei parecia ter sido rasgada ao meio.

Em uma coletiva de imprensa na noite de quarta-feira, o governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que o estado teve 116 alertas de tornado.

Os ventos também arrancaram parte do teto do Tropicana Field, estádio de beisebol com capacidade para 42 mil pessoas que recebe os jogos do Tampa Bay Rays, time da liga profissional de beisebol dos EUA, a MLB. O estádio, localizado em St. Petersburg, foi transformado em um acampamento para militares socorristas atenderem desabrigados, como parte da preparação para a chegada do furacão.

Pessoas ficaram presas sob escombros de construções e em veículos capotados nas áreas de Wellington, Acreage e Loxahatchee, no condado de Palm Beach, informaram os serviços de emergência. Cinco pessoas foram transportadas para hospitais e muitas outras foram tratadas por ferimentos leves, segundo o jornal americano New York Times.

Ventos fizeram com que um guindaste desabasse sobre um prédio no centro de St. Petersburg na quarta-feira à noite, de acordo com as autoridades. Nenhum ferido foi identificado. Autoridades do condado de Martin afirmam que várias pessoas ficaram feridas e dezenas de casas foram danificadas pela passagem do furacão.

Mesmo em localidades que não sofreram com a passagem do furacão sofreram impactos indiretos. A rede americana CNN noticiou que em Daytona Beach, na costa leste da Flórida, registrou ventos de mais de 133 km/h, sofrendo também com as enchentes provocadas pelas intensas chuvas de tempestade.

A Flórida, o terceiro estado mais populoso dos EUA e destino turístico frequente, está acostumada com furacões. Segundo os cientistas, as alterações climáticas desempenham um papel na rápida intensificação dos furacões, porque as superfícies oceânicas mais quentes libertam mais vapor de água, o que dá mais energia às tempestades e intensifica os seus ventos. (Com NYT e AFP)

Fonte: O Globo

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