Até o momento, cerca de 40 recenseadores selecionados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para atuarem no Censo 2022 em Feira de Santana abriram mão das suas funções. Ao todo, no município, foram contratados e participaram do treinamento para a pesquisa 530 pessoas.

O trabalhador autônomo Marcos Oliveira Soares, 36 anos, foi uma dessas pessoas que desistiu do cargo. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele contou que decidiu se inscrever para ser um recenseador do IBGE, logo quando abriu o edital pela banca da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pois sempre se interessou em trabalhar para o órgão.


Após realizar a prova e ser selecionado, Marcos Soares passou pelo treinamento e passou a fazer a pesquisa nas casas, mas depois de cinco dias, resolveu abandonar o serviço.

“Fiquei cinco dias no trabalho, mas desisti por vários fatores. Primeiro, foi a falta de organização, o atraso nos pagamentos. No treinamento, eles não eram claros de quanto iriam pagar. Também teve a dificuldade do trabalho, as pessoas eram muito difíceis e não ajudavam. Muita ausência atrasava o trabalho e tinha muitas casas para serem visitadas”, afirmou.

De acordo com o recenseador, a quantidade de pessoas selecionadas para atuar no censo em Feira de Santana foi insuficiente devido à quantidade de habitantes do município. Além disso, os recenseadores têm enfrentado muitas dificuldades para ter acesso aos condomínios fechados.

“Eu acho que pra uma cidade com 600 mil habitantes ou mais, a quantidade de 500 recenseadores é muito pouco. Muitos colegas que fiz amizade no dia do treinamento relataram essas mesmas dificuldades que estou falando. Eu conheço um que nem começou a trabalhar. Iria começar, mas por atraso na liberação para ele entrar em um condomínio, ele perdeu a paciência e desistiu”, revelou Marcos Soares ao Acorda Cidade.

Ele acrescentou que foram cinco dias de treinamento para atuar em campo e cada recenseador deveria receber uma diária de R$ 40 pela participação. Após essa fase inicial, o pagamento seria de acordo com a produtividade de cada pesquisador.

“Dependendo da cidade eles colocavam uma taxa de diária de R$ 40 e em outras eram R$ 30. Aqui em Feira, a diária do treinamento era R$ 40 por cinco dias. Depois ganhávamos pela produção. Só quem tem salário fixo era o supervisor. Recebi o valor das diárias com muita luta, mas recebi. Agora estou trabalhando em uma empresa de ar-condicionado. Eu acho que foi um dos censos mais desorganizados que já ouvi falar e ficou muito abaixo das minhas expectativas”, lamentou.

Em nota, a direção do IBGE em Feira de Santana afirmou que o andamento da pesquisa na Bahia está acima da meta nacional, e que o ritmo do censo aqui no município está ocorrendo de forma acelerada, com 63,6% dos domicílios já visitados. Veja a nota na íntegra:

‘Com pouco mais de um mês de pesquisa, a Bahia apresenta um andamento da coleta do Censo Demográfico 2022 superior ao nacional. Quase 6 em cada 10 domicílios do estado já foram visitados pelos recenseadores: 59,8% dos domicílios estimados, ou 3,1 milhões de 5,2 milhões de residências, até o início da manhã desta terça-feira (06/09). A Bahia também segue com a terceira maior população recenseada do país: cerca de 6,1 milhões de pessoas.

Feira de Santana tem um ritmo ainda mais acelerado de coleta, com 63,6% dos domicílios visitados: cerca de 188 mil de um total estimado em cerca de 297 mil.

Esses indicadores positivos são resultado principalmente do empenho e competência das equipes censitárias trabalhando em todo o estado, sobretudo dos recenseadores.

A Superintendência do IBGE na Bahia está atenta às reivindicações dos recenseadores e sempre aberta ao diálogo, tendo se reunido com representantes deles em Salvador, em duas ocasiões. Está também buscando todas as formas possíveis de aprimorar ao máximo as condições de trabalho no estado e resolvendo algumas questões pontuais apresentadas.

Até a manhã desta terça-feira (6/09), 40 recenseadores haviam se desligado em Feira de Santana.
O total de desligamentos corresponde a 7,5% das 530 vagas abertas para recenseadores no município. O percentual está dentro da normalidade e inclusive abaixo do que se poderia esperar para este momento, quando o trabalho de coleta já começa a ficar mais adiantado. Sempre que há necessidade, o IBGE chama novos recenseadores dos cadastros de reserva existentes ou faz seleções complementares.

Em relação ao pagamento da ajuda de custo do treinamento realizado em julho, especificamente em Feira de Santana, 75 dos 76 pagamentos atrasados estão sendo efetuados até meados da próxima semana, por ordem bancária, no Banco do Brasil – o que praticamente vai zerar as pendências.

As pessoas serão contatadas pelo IBGE para que saibam exatamente quando o dinheiro estará disponível, visto que há um prazo de até 5 dias úteis para que isso ocorra.

O IBGE seguir fortemente empenhado em sanar todos os atrasos e tem feito o máximo esforço para contatar as pessoas, atualizar os dados e realizar os pagamentos devidos.’

Fonte: Acorda Cidade

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