O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que não vê vantagem eleitoral em ter sua imagem associada à do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a decisão da Casa Branca de retirar sanções que atingiam o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A declaração foi dada em entrevista ao canal LeoDias TV, em meio à reação negativa da militância bolsonarista à mudança de posição do governo norte-americano.
A entrevista foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo e ocorre em um contexto de desgaste de Trump junto a setores da direita brasileira, que esperavam uma postura mais agressiva do presidente dos Estados Unidos em relação às autoridades brasileiras.
Ao comentar a retirada das sanções e a não aplicação da Lei Magnitsky, Flávio negou que o episódio represente um enfraquecimento político da família Bolsonaro. Segundo ele, também não procede a avaliação de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teria influência direta sobre as decisões de Trump.
“As sanções que foram impostas ao Brasil e a Lei Magnitsky não foram manipulação do Eduardo. As empresas e os cidadãos americanos perseguidos pelo Moraes sempre foram os interesses do Trump. Acreditar que o Eduardo manipula o Trump, isso não dá. Não tem nada a ver com a minha candidatura. Nem sei se é bom ter Trump colado com a minha imagem”, afirmou o senador.
Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos articulando ações junto à direita internacional, reagiu à retirada das sanções com uma nota de pesar publicada na rede social X. Na mensagem, ele afirmou que “Deus tenha misericórdia do povo brasileiro” e disse que o país teria perdido uma “janela de oportunidade” para enfrentar “seus próprios problemas estruturais”.
Na mesma noite, Alexandre de Moraes agradeceu publicamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo empenho do Palácio do Planalto em dialogar com a Casa Branca para reverter as punições. A decisão provocou uma enxurrada de críticas a Trump entre parlamentares e militantes bolsonaristas, que passaram a classificá-lo como “decepção” e a acusá-lo de abandonar Jair Bolsonaro.
Perfil moderado
Apesar do cenário de desgaste internacional, Flávio Bolsonaro reafirmou que não pretende retirar sua pré-candidatura e disse que a eleição presidencial de 2026 “terá um Bolsonaro nas urnas”. O senador afirmou ainda que pretende adotar um perfil mais moderado do que o de seu pai durante o governo Bolsonaro, apontando a comunicação como o principal problema da gestão entre 2019 e 2022.
“As pessoas vão ver um Bolsonaro mais centrado. Eles sempre cobraram muito isso: ‘ah, o Bolsonaro podia falar menos’. Eu não quero falar em versão melhorada, mas acredito que sou de um perfil de mais conversar, buscar o diálogo, conversar com a esquerda, me dou bem com todo mundo, nunca levo para o CPF de ninguém”, declarou.
Questionado sobre quem apoiaria caso não seja candidato, Flávio evitou citar nomes da direita que já se colocam no debate presidencial, como os governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Romeu Zema. “O único nome que está colocado é o meu. Tem que perguntar para eles se eles me apoiariam. Olha que problema bom: tem um monte de nomes bons que vão estar unidos contra o PT em 2026”, disse.
O senador também afirmou que, se pudesse escolher, teria uma mulher como vice em sua eventual chapa presidencial, avaliando que isso poderia ampliar seu diálogo com o eleitorado feminino, segmento no qual Jair Bolsonaro enfrentou maior resistência nas eleições de 2022, ao lado do eleitorado nordestino e de renda mais baixa.





