Uma menina de 4 anos foi baleada na cabeça em um tiroteio entre policiais e criminosos na tarde desta quarta-feira (1º) no bairro da Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro. Ela estava com a mãe e acabava de sair da creche quando foi atingida ao parar para comprar uma pipoca.

“Ela pegou a menina na creche, parou para comprar pipoca e, quando viu, a menina estava toda ensanguentada”, disse a avó materna, que não terá o nome revelado para preservar a identidade da criança.


A menina foi encaminhada para a unidade de pronto-atendimento da Taquara e, depois, para o Hospital Miguel Couto, na zona sul do Rio. ​Na unidade, passou por uma cirurgia na cabeça e estava em estado gravíssimo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

A Polícia Civil informou que foi ao bairro após receber uma denúncia de extorsão e teria sido recebida a tiros por criminosos. Durante a ação, os policiais prenderam uma pessoa e apreenderam uma pistola e um carro roubado.

Ainda segundo a corporação, agentes realizaram perícia no local e ouviram testemunhas. Imagens de câmeras de segurança também estão sendo analisadas para saber de onde partiu o tiro.

A avó da menina diz que a família toda está arrasada. “Mas temos muita fé e estamos fazendo uma corrente de oração. Ela é uma menina linda. É a minha princesa. Além de alegre e para frente, é uma menina tudo de bom. Deus está no controle. Com certeza, ela vai sair dessa”, diz a avó.

Já o tio da criança estava voltando do trabalho, às 17h34, quando foi avisado que a sobrinha havia sido baleada. Mais de uma hora depois, ele chegou ao local em que a criança havia sido atingida.

“Eu passei em casa correndo. Foi o tempo de pegar a minha moto e correr até lá. Quando eu cheguei, tinha três viaturas da Polícia Civil e uma da Polícia Militar”, disse o tio, que ainda não teve tempo de visitar a sobrinha no hospital.

Ele diz que é a primeira vez que a família passa por uma situação de violência na região onde mora. Na noite desta quinta-feira (2), vizinhos e familiares se reuniram na praça da Lincoln, no Largo da Preguiça, zona oeste, para fazer uma roda de oração pela vida da criança. Até o início da noite desta quinta, o pai, a mãe e avó da menina permaneciam no hospital onde ela está internada.

Segundo o Fogo Cruzado RJ, instituto que produz dados sobre violência armada na região metropolitana do Rio, a menina foi a quarta criança baleada no Grande Rio este ano. Todas foram atingidas por balas perdidas e uma delas morreu.

A vítima que morreu é um menino de 6 anos. Ele foi atingido em um dos acessos do Morro da Torre, em Queimados, na Baixada Fluminense, em tiroteio entre policiais militares e traficantes, em janeiro. A criança estava no quintal de casa.

Um adolescente de 16 anos, João Carlos Arruda Ferreira, é uma das 23 pessoas mortas durante uma operação policial na Vila Cruzeiro, no dia 24 de maio.

O estudante, segundo a família, era um jovem tímido, tranquilo e sem qualquer envolvimento com o tráfico, o que contraria a versão da Polícia Militar.

Em nota, a PM disse que todos os aspectos relacionados à operação na Vila Cruzeiro estão sendo investigados pela Polícia Civil. Além disso, a corporação diz que a corregedoria acompanha e colabora integralmente com todos os procedimentos. ​

Já em outubro do ano passado, um bebê de um ano e seis meses foi baleado no abdômen enquanto cortava o cabelo em Mesquita, na Baixada Fluminense. Ele foi encaminhado em estado grave ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, também na Baixada, mas não resistiu aos ferimentos.

“O Brasil não tem futuro enquanto a infância não for prioridade”, diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado. “Essas crianças são cidadãos de amanhã e nós estamos criando adultos com problemas físicos e mentais devido à exposição dessa violência. Isso quando eles sobrevivem”, afirma a especialista.

“Isso não é normal, não é um caso isolado e não é uma exceção. Todo mês, a gente tem uma criança baleada. A gente chegou até aqui pela ausência de responsabilidade do poder público”, diz Olliveira, acrescentando que o Rio não tem um plano de segurança.

“Para evitar ações como essas, é preciso que o governo do Rio de Janeiro planeje suas ações, estabeleça metas e objetivos, como se faz com qualquer política pública.”

Fonte: Bnews

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