Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), meio bilhão de pessoas no mundo e 14 milhões no Brasil são acometidas por doenças cardiovasculares. O problema é grave porque essas doenças, principalmente o infarto, são responsáveis por mais de 30% das mortes no país. São mais de 300 mil óbitos todos os anos no Brasil.
Trata-se de um problema de saúde pública, agora agravado pela COVID-19 – certamente a ameaça mais imediata. No atual cenário de pandemia do novo Coronavírus, as doenças cardiovasculares têm mostrado como debilitam o organismo, fragilizando-o para a COVID-19, assim como para tantos outros vírus e infecções – e estudos chineses apontam que a taxa de letalidade é de 10,5% entre quem tinha problemas cardiovasculares.
Mesmo em época de distanciamento social, as doenças não respeitam a quarentena e definitivamente não estão impedindo as pessoas de terem ataques cardíacos, derrames e paradas cardíacas, principalmente em casa e sem acompanhamento médico.
Dados da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) mostram queda brusca de 40% na busca pela serviços de diagnóstico e ambulatoriais. A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) também aponta que na primeira semana de abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2019, houve queda de 70% no número de atendimentos a pacientes por infarto agudo do miocárdio. E o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor/FMUSP) – um dos principais serviços de cardiologia do País – mostra que no último mês de março houve queda de 50% no número de pacientes submetidos à angioplastia primária quando comparado com o mesmo mês em 2019.
O cardiologista da Diagnoson a+ do Grupo Fleury, Dr. Mozart Cardoso Filho, destaca que o cenário pode ser devastador e causa preocupação. “Muitos pacientes que têm problemas cardíacos procuram uma consulta médica ou a emergência das unidades de saúde somente na última hora, o que é considerado uma postura arriscada para quem tem a doença que mais mata no mundo.
A presença de sintomas cardiológicos, principalmente em pacientes com doenças cardiovasculares conhecidas ou naqueles com fatores de risco importantes para doença isquêmica cardíaca ou AVC, deveriam motivar o acompanhamento e os serviços de diagnóstico”, frisa.
Devem ser lembrados os perigos sempre ocultos de doenças cardíacas e AVCs, e as pessoas com maior risco de derrame ou evento cardíaco devem procurar seu médico, mesmo que para realizar suas consultas a alternativa seja utilizar recursos de telemedicina e, assim, garantir que estão gerenciando seus fatores de risco, como pressão arterial, e tomando outras precauções.
O médico orientará o paciente quanto à melhor conduta e acompanhamento apoiado por exames de diagnóstico, seguindo a necessidade e recomendação para cada caso, respeitando também as orientações de distanciamento social dos órgãos de saúde durante a pandemia do novo Coronavírus.
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