A Polícia Federal (PF) apreendeu o vídeo conhecido como “festa da cueca” durante operação realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba na quarta-feira (3). A ação foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A gravação, citada há anos em denúncias e tratada como desaparecida, estava armazenada na própria vara que foi comandada pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) no período mais ativo da Operação Lava Jato.
O material registra um encontro entre desembargadores e mulheres em um hotel de luxo de Curitiba. O vídeo é apontado pelo empresário Tony Garcia como peça-chave para comprovar um suposto esquema de coleta de informações sigilosas e constrangedoras, que teria sido operado por Moro com o objetivo de influenciar julgamentos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Garcia afirma ter atuado como “agente infiltrado” a pedido do então juiz, com a missão de obter gravações e informações comprometedoras de magistrados. Parte dessas denúncias também é mencionada pelo advogado Roberto Bertholdo, que afirmou em entrevista que o conteúdo das gravações era conhecido nos bastidores da Lava Jato e poderia ter sido utilizado para proteger ou pressionar desembargadores.
Segundo Bertholdo, um dos magistrados presentes na festa teria participado do julgamento de processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mantinha proximidade com Moro. Ele relatou ainda que havia receio entre membros do Judiciário sobre a possibilidade de o material se tornar público.
Além da gravação, a PF recolheu documentos físicos anteriores ao período da Lava Jato, incluindo materiais relacionados a Tony Garcia e ao doleiro Alberto Youssef. A apreensão ocorre meses após relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontar que Moro teria atuado em conjunto com procuradores da operação para direcionar recursos a uma entidade privada, apontamento contestado pelo senador.
Com a localização do vídeo, o STF passa a ter novo elemento para análise das acusações envolvendo a atuação de Sergio Moro enquanto responsável pela 13ª Vara de Curitiba. A investigação apura se gravações e documentos foram utilizados para influenciar decisões judiciais durante os anos de funcionamento da força-tarefa.





