Um acidente entre um ônibus e um caminhão deixou 41 mortos na manhã desta quarta-feira (25) em Taguaí, na região de Avaré (SP), segundo a Polícia Militar de São Paulo. A colisão ocorreu no km 172 da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho.
De acordo com o tenente Alexandre Guedes, porta-voz da PM, foi o maior acidente do ano nas rodovias do estado de São Paulo.
Até a última atualização desta reportagem, a causa do acidente estava em investigação. A suspeita da polícia é que uma ultrapassagem teria provocado a colisão.
O porta-voz da PM disse que o local da colisão, que ocorreu por volta das 7h desta quarta, é de difícil acesso. O último balanço, divulgado às 13h30, apontou que havia dez feridos, que foram atendidos em três hospitais da região: de Taguaí, Fartura e Taquarituba.
Ainda conforme a polícia, algumas pessoas ficaram presas às ferragens. Os corpos dos mortos foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Avaré.
Após o acidente, o caminhão bitrem, que levava carga de esterco, invadiu uma propriedade rural. O motorista do veículo, Geison Gonçalves Machado, de 22 anos, chegou a ser levado ao pronto-socorro de Fartura, mas morreu na unidade. Segundo a companheira de Machado, ele não tinha habilitação para dirigir caminhões.
Uma lista recebida pelas equipes de resgate aponta que 52 trabalhadores estariam no ônibus, além do motorista. A polícia passou a trabalhar na identificação das vítimas.
Segundo os bombeiros, os funcionários eram levados para a confecção Stattus Jeans, em Taguaí.
“A informação inicial [é que seriam] funcionários de uma empresa, ao menos 53. Não temos dados precisos, é uma região de difícil acesso. Pessoas socorridas [e levadas] para hospitais da região e outras estão recebendo socorro, presas nas ferragens”, informou o tenente Guedes.
Equipes de resgate da Polícia Rodoviária, bombeiros e do helicóptero Águia, da PM, foram ao local do acidente.
Bombeiros de Sorocaba, a mais de 250 quilômetros de distância, foram levados pelo Águia para ajudar no socorro às vítimas. Socorristas e profissionais da saúde da região também foram deslocados para ajudar na operação de resgate.
As prefeituras de Taguaí e Itaí decretaram luto oficial por três dias.
“A informação inicial, [seriam] funcionários de uma empresa, ao menos 53, não temos dados precisos, é uma região de difícil acesso. Pessoas socorridas para hospitais da região e outras estão recebendo socorro, presas nas ferragens”, informou o tenente Guedes.
A Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho é pista simples e não tem pedágios. Segundo a Polícia Militar Rodoviária de Itapeva, não são comuns acidentes naquele local.
A pista precisou ser interditada para atendimento da ocorrência. Ela permanecia fechada para o tráfego de veículos até as 13h30.
O que diz a confecção
À TV TEM, o advogado Emerson Rodrigues, responsável pelo setor jurídico da Stattus Jeans, disse que a empresa de ônibus era contratada pelos funcionários que recebem vale-transporte. Ele não comentou sobre as condições de segurança do veículo.
Quando ocorreu o acidente, o ônibus com trabalhadores saiu de Itaí, passou por Taquarituba e seguia até a empresa têxtil em Taguaí.
Empresa de ônibus é clandestina
A Star Viagem e Turismo não tinha autorização para operar, segundo informações da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). O G1 apurou que a empresa de ônibus já foi multada várias vezes e era considerada clandestina pelo órgão fiscalizador.
Nem no site da Artesp nem no da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) há registros sobre a Star Fretamento e Locação Eirelli EPP, criada em 2016 e com sede em Taquarituba, segundo dados da Junta Comercial do Estado.
O veículo envolvido na batida, com placa DJC 8811, acumula 11 multas – 2 municipais, 1 do Detran e 8 do D.E.R. Além disso, estava com IPVA, licenciamento e DPVAT atrasados, ou seja, não poderia estar em circulação. São mais de R$ 5 mil em débitos.
Segundo a Artesp, “a empresa não possui registro para transporte de passageiros e roda ilegalmente desde 11 de outubro de 2019”.
Em nota à imprensa, no entanto, a Star Viagem e Turismo negou irregularidades. “Toda a documentação relativa ao veículo envolvido no trágico acidente está em conformidade com os órgãos governamentais e em perfeita validade”, afirmou. A empresa disse ainda que está prestando auxílio às vítimas e que se solidariza com os familiares.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia conseguido contato com nenhum representante da empresa.
Força-tarefa
O Governo de São Paulo informou que montou uma força-tarefa para identificar e liberar os corpos das vítimas (veja a nota ao fim da reportagem).
O Coordenador da Defesa Civil do Estado, Coronel Walter Nyakas Júnior, e os secretários de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e de Saúde, Jean Gorinchteyn, foram até o local para coordenar os resgates, visitar os hospitais onde estão as vítimas e agilizar a liberação dos corpos.
O Governo também convocou a população para doação de sangue no hemocentro de Botucatu para ajudar ao atendimento médico dos feridos.
Fonte: G1