Após condicionar sua participação em debates à formação de um pool de emissoras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá comparecer a somente dois deles no primeiro turno das eleições.
O petista irá faltar ao debate marcado para o final da tarde deste sábado (24), que é organizado em pool por SBT, CNN Brasil, O Estado de S. Paulo, Terra, Veja e as rádios Eldorado e Nova Brasil. Lula marcou dois comícios em São Paulo na data, sendo um deles às 17h, em Itaquera –o debate será às 18h15.
No mês passado, Lula teve seu desempenho criticado no debate organizado pelo pool da TV Bandeirantes, Folha, UOL e TV Cultura, principalmente por não responder diretamente a questionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre corrupção.
Na noite desta sexta (23), Lula disse que não comparecerá ao debate por causa de sua agenda e porque seria necessário se preparar.
“Eu tenho profundo prazer de participar de debate. É bom participar. Lamentavelmente o debate do SBT demorou um pouco. A minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool e, quando veio a resposta, eu já tinha agenda no Rio de Janeiro e em São Paulo”, afirmou.
O petista disse que não poderia desmarcar os atos que já tinha confirmado presença. “Porque faltando uma semana para as eleições, você desmarcar compromissos avisados para o povo é muito delicado.”
Em nota, o SBT afirma que diferentemente do que foi declarado pelo candidato, a formação do pool ocorreu antes a sugestão feita pela campanha do petista.
“Em 22 de março, os quatro grupos enviaram formalmente email às campanhas presidenciais, comunicando a realização do debate e informando as datas escolhidas para os confrontos do primeiro e do segundo turno”, diz um trecho do texto.
Ainda segundo a nota divulgada pela emissora, “em 28 do mesmo mês, foi realizada a primeira reunião presencial com representantes dos candidatos convidados. A campanha de Lula esteve presente em tal reunião, assim como em todas as demais reuniões convocadas para discutir os detalhes e regras do debate”.
A presidente do PT e coordenadora da campanha de Lula, Gleisi Hoffmann, disse que o petista irá ao debate da TV Globo, o último antes do primeiro turno, na próxima quinta-feira (29).
“Nós temos dito desde o início da campanha que nós participaríamos de um pool de debates e que era para o pessoal se organizar. A coisa não ficou organizada”, disse Gleisi à imprensa.
“Então o que que nós tínhamos decidido? Que ele participaria do primeiro e do último debate. Nós temos agenda. Vocês estão vendo como que é corrido”, continuou a parlamentar.
No dia 15 de junho, a campanha do ex-presidente propôs a entidades que representam jornais e emissoras de rádio e televisão a realização de até três debates nacionais no primeiro turno das eleições deste ano.
No documento, a equipe do petista afirmou que havia ao menos dez eventos entre candidatos propostos naquele momento e que, dentro do prazo da campanha, tal programação era “incompatível com a agenda política e a realização de atos públicos da campanha”.
Lula participou do primeiro debate organizado em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura no dia 28 de agosto, depois de incertezas sobre a participação do petista e de Bolsonaro, seu principal adversário na corrida eleitoral.
O desempenho do ex-presidente foi criticado por ele não ter respondido no mesmo tom aos ataques de Bolsonaro sobre corrupção em governos petistas. Embora liste mecanismos de combate à corrupção implementados em seu governo, Lula ainda não detalhou quais novas medidas adotará nesse sentido, caso seja eleito.
O petista também tem criticado as chamadas emendas de relator, mas ainda não explicou como pretende convencer o Congresso a abrir mão desse mecanismo.
Segundo aliados, Lula deve se preservar para o debate da Globo, cuja audiência pode ser determinante para definição de um resultado já no primeiro turno.
Segundo o Datafolha divulgado na última quinta (22), Lula tem 47% dos votos totais, oscilando positivamente dois pontos ante os 45% da semana passada. Bolsonaro se manteve em 33%, Ciro Gomes (PDT) oscilou de 8% para 7%, e Simone Tebet (MDB) segue com 5%, empatada com o pedetista. Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%.
Em 2006, quando Lula buscava a reeleição, sua ausência nos debates foi apontada como uma das razões pelas quais o petista não venceu a eleição já no primeiro turno.
Naquele ano, Lula disputa o segundo turno contra o atual vice e então tucano, Geraldo Alckmin (PSB).
Fonte: Bahia Notícias