A quinta-feira (11) ganhou novos contornos no cenário político brasileiro após declarações firmes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o projeto que reduz penas de acusados por participação nos episódios de 8 de Janeiro. Em entrevista ao Portal Uai, de Minas Gerais, Lula afirmou que só tomará sua decisão quando o texto chegar oficialmente ao Palácio do Planalto, mas deixou claro um ponto: na avaliação dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisa responder pelos atos que, segundo a acusação, atentaram contra a democracia.
“A discussão agora vai para o Senado, vamos ver o que vai acontecer. Quando chegar à minha mesa, eu tomarei a decisão. Eu e Deus, sentado na minha mesa, eu tomarei a decisão”, declarou. O tom, embora sereno, carregava firmeza. Ele reforçou que fará o que considerar correto, mencionando que Bolsonaro “tem que pagar pela tentativa de destruir a democracia”, em referência aos acontecimentos amplamente discutidos desde 2023. “Ele sabe disso. Não adianta ficar choramingando agora”, completou.
O projeto mencionado por Lula é o chamado PL da Dosimetria, aprovado na madrugada da quarta-feira (10) pela Câmara dos Deputados. Em vez de conceder anistia ampla, como alguns parlamentares defendiam, o texto estabelece redução das penas para envolvidos, inclusive o ex-presidente. A proposta segue agora para o Senado, onde novos ajustes podem ser feitos antes de chegar para sanção presidencial.
Fontes próximas ao Planalto afirmaram à imprensa, nos últimos dias, que a tendência é que Lula veto integralmente o projeto, caso ele seja aprovado sem alterações relevantes. Embora o presidente não tenha confirmado essa intenção, suas falas indicam uma postura crítica em relação à flexibilização de punições.
Na mesma entrevista, Lula retomou episódios de eleições passadas para comparar reações de candidatos derrotados. “Se ele tivesse a postura que eu tive quando perdi três eleições, se tivesse a postura que o PSDB teve quando perdeu três eleições, ele não estaria preso”, afirmou, numa tentativa de reforçar a importância de aceitar resultados e respeitar instituições democráticas. Segundo ele, são atitudes assim que sustentam o funcionamento saudável do processo eleitoral.
Além da discussão sobre o PL, o presidente também comentou a movimentação política da oposição com vistas às eleições de 2026. Nos últimos dias, o nome do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a circular após ele anunciar intenção de concorrer à Presidência. A pré-candidatura chegou a ser alvo de comentários irônicos nas redes sociais, especialmente depois de Flávio dizer que haveria um “preço” para desistir — declaração da qual recuou em entrevista posterior, garantindo que sua candidatura é “irreversível”.
Para Lula, porém, a movimentação da oposição é sinal de incerteza. “Toda hora inventam um nome. Vejo Caiado, Tarcísio, Zema, Ratinho Jr., Eduardo, Michelle… Quem inventa muito nome é porque não tem nenhum”, afirmou. Em seguida, reforçou sua convicção de que a situação eleitoral de 2026 tende a ser desfavorável para seus adversários: “Eles perderão as eleições”.
Flávio Bolsonaro, inclusive, esteve em São Paulo no dia 4 para comunicar sua decisão ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) antes de tornar o anúncio público — um gesto interpretado como tentativa de organizar apoio interno entre aliados do ex-presidente.
Com a tramitação do PL da Dosimetria avançando e a disputa presidencial começando a tomar forma, o clima político deve seguir aquecido nas próximas semanas, à espera dos próximos capítulos que virão tanto de Brasília quanto dos bastidores partidários.





