O provável fim dos JCP (juros sobre o capital próprio) vem trazendo dor de cabeça para a Ambev (ABEV3). O plano do governo vem mexendo com as ações da companhia nos últimos meses e pode trazer um prejuízo bilionário para a maior cervejaria do Brasil.

O pagamento de JCP é um grande da companhia em busca de investidores. Em 2022, a Ambev fez o pagamento de R$ 12 bilhões em JCP para os acionistas. Supondo que a empresa não mude sua estrutura de capital, o impacto negativo nos lucros de 2024 pode chegar a 23%, apontou o BTG Pactual (BPAC11) em julho.


Bradesco BBI (BBDC4) fez uma pesquisa com os investidores locais sobre os possíveis impactos para a empresa. Eles avaliam que, em média, cerca de metade do impacto negativo total da remoção do benefício fiscal já está precificado para a Ambev. A pesquisa foi feita com 25 investidores locais no dia 31 de agosto, após a publicação do projeto de lei do governo brasileiro.

“Na nossa estimativa, o impacto total implicaria uma perda estimada de valor de mercado de aproximadamente 20%. Assim, no pior cenário, segundo os investidores, ainda poderá haver uma desvalorização adicional de aproximadamente 10%”, apontaram no relatório do dia 31.

Pegando como base o fechamento da última sexta-feira (1º), caso haja uma queda adicional de 10% das ações, o valor de mercado seria reduzido em R$ 21,85 bilhões, dado o atual valor de mercado da companhia de cerca de R$ 218,5 bilhões. Assim, o valor de mercado iria para cerca de R$ 196,6 bilhões.

O Goldman Sachs aponta que a companhia de bebidas é a mais exposta ao JCP entre as ações de sua cobertura.

Caso o governo extinga o benefício fiscal do JCP, a estrutura de capital da Ambev (em 0,3 vez o caixa líquido) se tornaria ineficiente, e a administração já comentou que buscaria alternativas para realavancar o balanço.

“Neste contexto, acreditamos que reinvestir dinheiro na operação (orgânica e inorgânica) parece mais plausível do que anunciar um grande dividendo único, como um pagamento mais elevado”, aponta.

Para os analistas, o pagamento de um dividendo único: 1) não se enquadraria bem estrategicamente na desalavancagem contínua do acionista controlador AB InBev; 2) a liquidez do mercado de capitais de dívida pode ser um gargalo (ou seja, alavancagem de 1,0 vez é igual a R$ 24,4 bilhões, versus a posição de caixa bruto de R$ 12,3 bilhões, isso apenas para a Ambev) e 3) a reforma tributária em curso também poderá contemplar um novo imposto sobre dividendos. O banco tem recomendação equivalente à venda para os ativos ABEV3.

Fonte: BP Money

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